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quinta-feira, 8 de maio de 2025

PF DEFLAGRA OPERAÇÃO COMTRA O TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS COM O USO DE BARCOS E VELEIROS


A investigação contou com ações do DEA (Drug Enforcement Agency), Marinha dos EUA, Guarda Civil Espanhola e Marinha Francesa

A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã da terça-feira (29/4), a Operação Narco Vela para desarticular organização criminosa (ORCRIM) voltada ao tráfico internacional de drogas, especialmente para o continente europeu e africano, com o uso de equipamentos satelitais e embarcações capazes de atravessar o oceano como barcos e veleiros.

Mais de 300 policiais federais e 50 policiais militares do estado de São Paulo deram cumprimento a 4 mandados de prisão preventiva, 31 mandados de prisão temporária e 62 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Juízo da 5ª Vara Federal de Santos, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão, Pará e Santa Catarina. Três prisões preventivas também foram realizadas na Itália, Estados Unidos e Paraguai.

Operação ocorreu em vários endereços - Foto: Divulgação PF

Além das prisões e buscas, a Justiça Federal também determinou o bloqueio e apreensão de bens até o valor de R$ 1,32 bilhões.

O tráfico era voltado principalmente aos continentes europeu e africano, com uso de equipamentos de rastreamento por satélite e embarcações de longo curso, como barcos e veleiros.

Operação Narco Vela - Foto: Divulgação PF

Baixada Santista

Segundo o delegado da PF, Osvaldo Scalezi Júnior, a ORCRIM, que tinha base na Baixada Santista era responsável por armazenar a droga em região terrestre, no litoral, e acondicioná-la em pequenas lanchas. Essas lanchas, veículos rápidos, faziam o transporte da droga até o alto-mar.

Valores apreendidos na operação - Foto: Divulgação PF

Outros Núcleos       

Além da Baixada Santista, a ORCRIM contava com outros núcleos que se dividiam entre a aquisição do entorpecente, a negociação da aquisição nos países produtores e a negociação de remessa para a Europa.

De acordo com Scalezi, alguns dos alvos da operação já são reincidentes no tráfico e tráfico internacional de drogas. O motivo para fazerem o repasse dos entorpecentes em alto-mar seria para dificultar o trabalho das autoridades.

"A PF se concentrou nos atuantes aqui no Brasil, nos brasileiros que estão envolvidos na organização criminosa investigada", disse Scalezi.

Confira os mandados:

São Paulo:

  • Bertioga: 1 de busca e apreensão
  • Guarujá: 17 de busca e apreensão e 10 de prisão temporária
  • Ilhabela: 1 de busca e apreensão e 1 de prisão temporária
  • Iracemápolis: 1 de busca e apreensão e 1 de prisão temporária
  • Limeira: 4 de busca e apreensão
  • Praia Grande: 3 de busca e apreensão e 3 de prisão temporária
  • Santos: 17 de busca e apreensão e 6 de prisão temporária
  • São Paulo: 1 de busca e apreensão
  • São Sebastião: 1 de busca e apreensão e 1 de prisão preventiva
  • Sorocaba: 1 de busca e apreensão e 1 de prisão temporária
  • Taubaté: 1 de busca e apreensão e 1 de prisão temporária

Rio de Janeiro

  • Mangaratiba: 1 de busca e apreensão e 1 de prisão temporária

Maranhão

  • São Luís: 1 de busca e apreensão

Pará

  • Ananindeua: 1 de busca e apreensão
  • Belém: 1 de busca e apreensão e 1 de prisão temporária

Santa Catarina

  • Balneário Camboriú: 1 de busca e apreensão e 2 de prisão temporária
  • Barra Velha: 2 de busca e apreensão e 1 de prisão temporária
  • Florianópolis: 2 de busca e apreensão e 1 de prisão temporária
  • Itajaí: 3 de busca e apreensão e 2 de prisão temporária
  • São Francisco do Sul: 2 de busca e apreensão e 2 de prisão temporária

Apreensões

Além das prisões foram realizadas diversas apreensões, como carros de luxos - um Porsche, uma BMW e uma Ferrari, embarcações e drogas. 

Embarcação KM1 apreendida na operação - Foto: Divulgação PF

Também foram apreendidas joias de alto padrão e uma arma.

Relógios apreendidos na operação - Foto: Divulgação PF

Arma apreendida na operação em Limeira - Foto: Divulgação PF

Prisão de empresário

Entre os presos, está o empresário Rodrigo Morgado, dono da empresa Quadri Contabilidade. Ele. O foi preso em flagrante na capital paulista por porte ilegal de uma arma encontrada dentro do carro dele. Contra ele, havia mandados de busca e apreensão em Santos, Bertioga e São Paulo.

Ele se apresenta como “Contador e Empreendedor” em sua descrição e divulgava um curso, onde aparece como figura principal. O curso é intitulado de “O destrave”, e aparece para venda com valores entre R$ 299,00 até R$ 2,299.00.

Foto: Reprodução Instagram / Divulgação PF

Uma Ferrari modelo 296 GTB e uma Lamborghini Urus, que, segundo a PF, pertencem ao empresário, foram apreendidas durante a operação.

Traficante ligado ao PCC montou frota de barcos

O empresário Marco Aurélio de Souza, o “Lelinho” é apontado como um dos principais articuladores da exportação de cocaína do Primeiro Comando da Capital (PCC) à Europa por meio de veleiros e de pequenas lanchas.

Marco Aurélio de Souza - "Lelinho" - Foto: Reprodução

Segundo a PF, ele seria o responsável pelo envio de 2 toneladas da droga à Espanha, em julho de 2022, além de uma série de outras operações. O crime foi descoberto pela Guarda Civil Espanhola, na cidade de Aldea de San Nicolás.

Cocaína apreendida pela Guarda Civil Espanhola - Foto: Divulgação Guardia Civil

A partir da quebra de sigilos telemáticos, foi possível identificar que um número usado na contratação da embarcação seria de uma empresa, a Jacksupply Assessoria de Bordo e Comércio Exterior, que, segundo as investigações, seria controlada por “Lelinho” por meio de um testa de ferro e teria como base operacional a Baixada Santista.

“Indícios robustos sugerem que o investigado, embora formalmente vinculado ao setor marítimo, utiliza-se dessa posição empresarial como meio de viabilizar e dissimular atividades ilícitas”, diz a Polícia Federal.

“Lelinho” teria montado uma frota de pequenas embarcações para operacionalizar o envio dos entorpecentes.

Um dos barcos que teriam sido utilizados - alvo da operação - Foto: Divulgação PF

Contato com integrante do PCC

As investigações apontam que “Lelinho” tinha contato direto com Gabriel Gil Bernardo, conhecido como “Jogador”, apontado como integrante do PCC. Eles teriam atuado de forma conjunta para a compra de embarcações e para alinhar as estratégias para a exportação das drogas.

Segundo a PF, o vínculo de Lelinho com o PCC fica explícito em conversas interceptadas em que ele submete o nome de terceiros, à chamada “Disciplina” da facção, para avaliar a possibilidade de aplicar uma punição por infringir o código do crime.

Entre as pessoas que teriam sido submetidas pelo empresário à Disciplina, está Klaus de Castro Rios Motta e Silva, apontado como operador do esquema, também preso nesta operação.

“A submissão do nome de Klaus à Disciplina do PCC, em razão de supostos desacordos financeiros entre ambos, reforça a hipótese da existência de relação criminosa estável entre Lelinho, Klaus e a própria organização criminosa”, diz a PF.

Além de Lelinho, Klaus e Jogador, na operação foram presos Walter Pires Junior, Neuci Carmello, Anderson Monteiro Gomes, Erick Lennon de Souza Ribeiro Verrone, Fábio Rodrigues Ulhoa Cintra, Ivan de Freitas Santos, Júlio Cesar Fernandes, Leonardo Prado Rocha e Sérgio Ruiz da Silva. Seis pessoas seguem foragidas.

Investigação

A investigação iniciou-se a partir de uma comunicação do DEA - Drug Enforcement Agency, referente a uma apreensão de 3 toneladas de cocaína em fevereiro de 2023, dentro um veleiro brasileiro, em alto mar próximo ao continente africano, com a abordagem feita pela Marinha Americana.

Veleiro abordado pela pela Marinha dos EUA

No mesmo ano, em setembro, a Marinha francesa interceptou em águas internacionais outra embarcação do Brasil com 2,5 toneladas da droga. Posteriormente, apurou-se que o mesmo grupo criminoso agiu nas duas ações.

O avanço das investigações possibilitou a descoberta de mais seis eventos do gênero, totalizando cerca de oito toneladas de cocaína. Com base no preço do quilo da droga comercializado na Europa, a PF estimou em R$ 1,3 bilhão o montante do entorpecente, requerendo bloqueio e apreensão de bens dos acusados até esse valor.

Modus Operandi

A organização criminosa (Orcrim) recrutava pescadores para transportar drogas até o alto-mar, onde os entorpecentes eram transferidos para outras embarcações com destino ao exterior.

De acordo com o delegado Scalezi, a PF descobriu que diversos investigados já tinham expertise no tráfico internacional de drogas. Eles convidavam, inclusive, pescadores para participar do esquema de travessia. "Eram cooptados pelo tráfico com a promessa de ganho de valores altos", explicou.

Segundo Scalezi, na base da ORCRIM na Baixada Santista, responsável por armazenar a droga em região terrestre, posteriormente ela era acondicionada em pequenas lanchas rápidas, que faziam o transporte da droga até o alto-mar.

Já na região de alto-mar, de acordo com a autoridade policial, os entorpecentes eram transferidos dessas lanchas pequenas para barcos maiores, como pesqueiros e veleiros que faziam as travessias transoceânicas até os países de destino da droga.

"Chegando-se próximo à costa africana ou da parte ali das Ilhas Canárias, elas se encontraram com outras embarcações menores, lanchas rápidas que realizavam o resgate dessa droga e levavam até o continente", afirmou Scalezi.

Tráfico Internacional de drogas

De acordo com Scalezi, alguns dos alvos da operação já são reincidentes no tráfico e tráfico internacional de drogas. O motivo para fazerem o repasse dos entorpecentes em alto-mar seria para dificultar o trabalho das autoridades.

"A Polícia Federal se concentrou nos atuantes aqui no Brasil, nos brasileiros que estão envolvidos na organização criminosa investigada", disse.

Os investigados poderão responder, conforme suas condutas, pelos crimes de tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e integração de organização criminosa.



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