Durante um turno da manhã Ed Carlos ouviu uma voz saindo
do rádio: — COP em QAP, aqui é Papa-Papa-51
Em 1988 o Centro de
Controle de Policiamento - COP, da Guarda Portuária foi transferido da Avenida
Rodrigues Alves, onde funcionava na garagem do prédio da Chefia, hoje ocupado
pelo Museu do Porto, para a Avenida Ismael Coelho de Souza, no cais conhecido
como “Mortona”, onde anteriormente funcionava o Departamento Marítimo da Codesp,
atualmente ocupado pela Marinha do Brasil.
Naquele mesmo ano,
após a promulgação da nova Constituição, foi criada a quinta turma da Guarda
Portuária, a Turma “E”. Segundo comentários da época, ela teria sido formada
por guardas que não haviam sido escolhidos pelos inspetores das quatro turmas
já existentes.
A sua equipe de
trabalho tinha a seguinte composição:
Regis “Sorriso”,
motorista de confiança do inspetor, com larga experiência no porto.
Roberto,
recém-admitido, mas com curso superior (algo raro na época), vindo de família
militar e indicado pelo Tenente Navarro, chefe da GPort. Ele assumiu a função
de mesário, responsável por toda a parte administrativa: escala, telefonemas,
direcionamento de ocorrências, relatórios, etc.
Ed Carlos, também
recém-ingresso, escolhido para ser o radialista. Apesar de não ter experiência
na função, além de também ter curso superior, possuía perfil calmo, sereno e
boa dicção, atribuições necessárias para operar a rede de comunicação interna.
A sala do rádio,
onde trabalhava o operador, era pequena, com apenas uma bancada, dois rádios de
mesa e uma cadeira.
O da esquerda era um equipamento antigo, enorme, de ferro, já corroído pela maresia — um verdadeiro objeto de museu.
O da direita, usado
diariamente nas operações, era moderno e comparando com o outro, parecia de
última geração.
A equipe trabalhava
de forma integrada e harmônica, até que um fato inesperado gerou tensão.
O episódio do “Papa”
Durante um turno da
manhã (06h/12h), Ed Carlos ouviu uma voz saindo justamente do rádio antigo:
— COP em QAP, aqui é
Papa-Papa-51.
Assustado, ele deixou
a sua sala e correu até Roberto, na sala ao lado:
- Tem um tal de Papa
chamando naquele rádio de ferro. Quem é esse Papa?
Como Roberto também
não sabia, foi consultar o inspetor Melo. Enquanto isso, a chamada insistia:
— COP cópia,
Papa-Papa-51?
Melo, com
tranquilidade, abriu uma gaveta e retirou uma lista com os prefixos antigos da
rede de comunicação. Lá estava: PP-51 = Comandante da Guarda Portuária.
Com a informação em
mãos, Ed Carlos respondeu:
— COP em QAP, comandante.
Qual a mensagem?
Do outro lado, a
resposta curta:
— É apenas um teste
de rádio.
Ufa. Passado o
susto, Regis “Sorriso” não parava com as risadinhas, fiel ao apelido. Melo,
mais sério, explicou:
“Papa é apenas o
código de rádio para a letra ‘P’, e 51 é o prefixo.”
Curiosamente, aquele
rádio, que operava na faixa da Santos Rádio, canal marítimo do porto, nunca a
Guarda Portuária foi acionada — nem antes, nem depois. Logo após o ocorrido ele
foi desativado.
O teste não foi do
equipamento, mas sim do próprio guarda portuário Ed Carlos, que foi colocado à
prova.
Moral da história: Esteja sempre preparado, porque você poderá ser testado na sua função
quando menos esperar.
* Essa história é
baseada em fatos reais. Dizem que é ela é 99% verdadeira, só não é 100% porque
quem conta um conto aumenta um ponto. Os nomes dos envolvidos são fictícios.
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