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segunda-feira, 20 de outubro de 2025

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PF DEFLAGRA NOVA OPERAÇÃO CONTRA A LAVAGEM DE DINHEIRO LIGADA AO TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS


A ação é desdobramento da Operação Narco Vela, que teve como foco a repressão ao tráfico de entorpecentes por via marítima a partir do Brasil

A Polícia Federal (PF) deflagrou, na última terça-feira (14/10), a Operação Narco Bet, com o objetivo de desarticular um esquema de lavagem de dinheiro vinculado ao tráfico internacional de drogas.

A operação, com o objetivo o cumprimento de 11 ordens de prisão e 19 mandados de busca e apreensão em Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, contou com a cooperação da Polícia Criminal Federal da Alemanha (Bundeskriminalamt – BKA), responsável pela execução de medida cautelar de prisão em face de um dos investigados atualmente localizado em território alemão.

Como resultado da operação, foram cumpridos 11 mandados de prisão:

  • Santa Catarina: Itajaí (1)
  • São Paulo: Mogi das Cruzes (4), Bertioga (2), São Paulo (3), Santos (3), Barueri (2), Birigui (1), Igaratá (1)
  • Rio de Janeiro: Rio de Janeiro (1)
  • Minas Gerais: Lagoa Santa (1)

As medidas judiciais incluíram ainda o bloqueio de bens e valores que somam mais de R$ 630 milhões, visando à descapitalização da organização criminosa e à reparação de danos decorrentes das atividades ilícitas.

A ação é desdobramento da Operação Narco Vela, que teve como foco a repressão ao tráfico de entorpecentes por via marítima a partir do Brasil.

As investigações indicam que o grupo criminoso utilizava técnicas sofisticadas de lavagem de dinheiro, com movimentações financeiras em criptomoedas e remessas internacionais, voltadas à ocultação da origem ilícita dos valores e à dissimulação patrimonial.

Apura-se, ainda, que parte dos valores movimentados teria sido direcionada para estruturas empresariais vinculadas ao setor de apostas eletrônicas, as chamadas BETS.

Compra de veleiro

De acordo com o site g1 uma mulher sócia de uma empresa envolvida na compra de um veleiro apreendido com três toneladas de cocaína foi presa em Birigui (SP).

Segundo a PF, na casa de Thaina Hilario da Silva foram apreendidos um celular e documentos. A defesa dela disse ao g1 que não iria se manifestar.

Apreensão

Carros de luxo importados, joias, relógios caros, dinheiro em espécie, e documentos ligados ao setor de apostas online foram apreendidos nesta operação.

Regularização de bets

O delegado da PF, Marcelo Maceira, disse que algumas das casas de apostas investigadas no âmbito da operação Narco Bets são regularizadas e obtiveram suas licenças com dinheiro ilícito. Outras teriam sede fora do país.

“Algumas bets são regularizadas. Nós temos a informação de que parte do valor necessário para conseguir licença dessas bets tem origem ilícita. Outras bets têm sede no exterior, e a gente tem que aprofundar a investigação para ter mais informações”, afirmou Maceira.

Entre os presos na operação estão o influenciador digital Bruno Alexssander Souza Silva, conhecido como Buzeira da Roleta, e o empresário Rodrigo Morgado.

Influenciador

Bruno Alexssander Souza Silva, conhecido nas redes sociais como Buzeira, foi preso por suspeita de envolvimento no esquema de lavagem de dinheiro ligado ao tráfico internacional de drogas. Na casa dele, em Igaratá, foram apreendidas armas de diferentes calibres, e diversos bens de luxo.

O inquérito destaca que 'Buzeira' é citado também na investigação sobre desvio de recursos do Sport Club Corinthians Paulista, da Série A do futebol brasileiro, onde foram apurados indícios de possível lavagem de dinheiro, existindo informações de possuir ligações com a facção criminosa - Primeiro Comando da Capital-PCC.

O influencer é sócio da empresa Buzeira Digital que tem Rodrigo Morgado como contador. O levantamento de dados bancários mostra que a Buzeira Digital recebeu R$ 19,7 milhões, transferidos diretamente por ele.

O grupo usava apostas online, rifas de carros e transações em criptomoedas para dar aparência de legalidade aos ganhos ilícitos.

O delegado da PF Marcelo Maceira disse que algumas das bets envolvidas utilizaram recursos ilícitos para conseguir suas regularizações. Segundo fontes da investigação, Buzeira teria atuado como figura de fachada para movimentações financeiras, emprestando sua imagem e empresas para viabilizar transações suspeitas no setor de apostas e rifas virtuais.

Contador

Segundo o site UO, os autos da Operação Narco Bet indicam que a investigação mergulhou no esquema de lavagem da organização criminosa e rastreou os passos de Rodrigo Morgado via transações de grande valor.

O contador, segundo a PF, 'participa de esquema de lavagem de capitais, concretizado por intermédio de empresas de fachada, casas de apostas e holdings familiares'.

A investigação mostra que a Secretaria de Finanças e Gestão do Município de Santos informou que Morgado tem promovido a abertura de diversas empresas com sócios oriundos de outras unidades da Federação, na maioria jovens residentes em comunidades de difícil localização e sem adequada comprovação de endereço.

Essas empresas foram formalizadas com sede e em endereço da empresa de coworking em que o contador figura como único sócio, e possuem registros de atividades similares entre si, sendo verificados indícios de fraudes documentais concretizadas, ao que parece, pela empresa de contabilidade desse investigado, e sob sua inteira responsabilidade.

Na 'nuvem'

A análise de dados recuperados na 'nuvem' do aparelho celular do contador - apreendido no bojo da Operação Narco Vela - e da conta icloud r.pmorgado@icloud.com3 revelou que ele atuou como contador das empresas Saito Construtora Ltda. e Caetano da Silva Construtora Eireli, ambas envolvidas na aquisição do veleiro Lobo IV, apreendido com mais de três toneladas de cocaína.

O inquérito da PF registra 'a prática de fraudes em larga escala, o envolvimento (de Morgado) com o tráfico internacional de entorpecentes, objeto de investigações, corrupção de policiais e de servidores do Poder Judiciário, manipulação de provas e intimidação de subordinados'.

Morgado já é investigado em inquérito que apura tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, atua como doleiro, bem como na falsificação de documentos, no uso de documentos falsos, e na lavagem de capitais e ocultação de patrimônio próprio e de terceiros.

A quebra de sigilos fiscal e bancário e diligências resultaram na 'obtenção de elementos probatórios que, somados com as provas obtidas no Inquérito original, sinalizaram a prática de tráfico internacional de entorpecentes, e a ligação dos representados em atos necessários para o branqueamento do lucro apurado com essa prática ilícita'.

Mulher é Sócia

Segundo UOL, em meio às investigações, o Ministério Público Federal (MPF) descobriu que Morgado utiliza a empresa Brxnet, de propriedade de 'Buzeira' para a 'prática de lavagem de capitais'. A mulher do contador, Clara Ramos de Souza Morgado, é uma das sócias da Brxnet.

"Ou seja, mais uma indicação de forte vínculo entre os negócios desse influenciador digital e o contador investigado (...)", aponta a PF.

O inquérito da Operação Narco Bet indica, ainda, 'indícios veementes da participação de Ingrid Ohara Silva Nogueira e Tácio Leonardo Costa Dominguez, vulgo 'T10', nas práticas ilícitas em apuração voltadas à lavagem de capitais obtidos com a prática de tráfico internacional de substâncias entorpecentes e possíveis outros ilícitos.

Ingrid e 'T10' já são investigados por lavagem de dinheiro, Ingrid figura como quarta maior beneficiária de recursos de Morgado tendo recebido no período de um ano o total de R$ 9,45 milhões distribuídos em vinte e três transações. Ela também realizou transferências de criptoativos para conta vinculada a Morgado via Exchange.

No dia 23 de outubro de 2023 Ingrid enviou o valor equivalente à época a R$ 300 mil para carteira digital identificada como pertencente ao contador. Na mesma data ingressaram R$ 303.945,09 na conta de Morgado, quantia que foi restituída de forma pulverizada para contas de Ingrid e de 'T10'.

Segundo apurado, 'T10' se apresenta como influenciador digital e atua no segmento de apostas digitais. É companheiro de Ingrid Ohara e titular da empresa 'T10' Cursos e Treinamentos Ltda que, conforme informação da Secretaria de Finanças de Santos, figura como empresa aberta pela Quadri Contabilidade Ltda, constituída por Morgado.

"Há sinais de que 'T10' atua de forma coordenada com Ingrid Ohara e Morgado em transações financeiras realizadas de forma fracionada para o fim de dissimulação da origem dos valores", alega a PF.

Outros Envolvidos

De acordo com o UOL, os investigadores identificaram também envolvimento de Davidson Praça Lopes, Guilherme Brasil Barcellos e Fernando Silva Abreu Costa em ações relacionadas à lavagem de capitais. Davidson Praça Lopes figura como responsável pela empresa Ápice Desenvolvimento e Liderança Eireli, registrada no coworking de Rodrigo Morgado.

Davidson Praça e a Ápice Liderança realizaram transações com Morgado que alcançaram cifra aproximada a R$ 2 milhões. Também fizeram transferência de R$ 80 mil para empresa vinculada à aquisição do veleiro Lobo IV.

"Dos trabalhos investigativos até o momento realizados foi verificado que, ao menos em tese, por meio intermédio da empresa Ápice, Davidson integra rede de movimentações financeiras estruturadas em torno de Rodrigo de Paula Morgado para o fim de lavagem de capitais de origem ilícita", sustenta a PF.

Em outro trecho do relatório da PF ao qual o Estadão teve acesso, são citados Guilherme Brasil Barcelos, o 'Gebê', e Fernando Silva Abreu Costa, sócios da empresa FLG Negócios Digitais Ltda.

Há registros de que Gebê teria recebido transferências diretas de valores de Morgado. Foi verificado, ainda, que Fernando Abreu é sócio da empresa FSA Negócios Digitais Ltda. Entre junho de 2023 e março de 2024 essa empresa realizou transações que alcançaram a cifra de R$13 milhões e recebeu R$636.899,64 de Morgado.

Fernando Abreu, por seu lado, em transação única, recebeu R$ 180 mil do contador.

COAF

O Coaf - Conselho de Controle de Atividades Financeiras, Unidade de Inteligência Financeira (UIF) do Brasil, identificou “centenas” de pessoas físicas e jurídicas participando do esquema. Entre as empresas apontadas como “núcleos de dissimulação de valores” estão a Evipes Soluções em Pagamento On-Line Ltda, a Ngx Holding de Participações Societárias Ltda, a Infinity Serviços Administrativos Ltda e a Buzeira Digital Ltda. Estas companhias estariam “sob controle ou influência” de Morgado.

Morgado é descrito como um “verdadeiro ‘banco particular’ de outros investigados” e as operações representariam uma “nítida fase de integração de ativos ilícitos na economia formal”.

Segundo os investigadores, “Em 04/01/2024, por exemplo, Morgado realizou transferência milionária para a Integration Empreendimentos Ltda., referente à compra de imóvel de Buzeira, valor que nunca transitou pela conta do influenciador. No mesmo sentido, há registros de pagamento de R$ 400 mil pela compra de uma lancha, de R$ 210 mil para a empresa Hi Quality Importação e Comércio, e de transferências fracionadas que somam dezenas de milhões de reais provenientes de remessas em criptomoedas, as margens do sistema financeiro oficial, enviadas por Gustavo Afonso Ribeiro e Lacerda (Feio ou Bravo), vinculado à casa de apostas BET7K”.

A investigação revelou que a Buzeira Digital emitiu uma nota fiscal de R$ 50 milhões contra a empresa estrangeira Superbet88 Internacional N.V. Morgado “orientava e executava manobras para dissimular a origem e a titularidade dos valores”, atuando como “sócio oculto” em diversas empresas.

“Os diálogos indicam para a participação de Morgado na compra de empresas como a RR Participações e Intermediações de Negócios S/A, adquirida por R$ 5 milhões com o objetivo de obter licença de operação para as plataformas BRX.BET e RICO.BET, pertencentes de fato a Buzeira. Também foi identificado o envolvimento de ambos na constituição de novas empresas, como BRX Gaming, Bilibank, Vision Farma e Adega Roleta, com estruturação societária possivelmente voltada à ocultação de bens”, conclui o relatório.

Investigação começou em 2023

De acordo com a PF, a investigação teve início em fevereiro de 2023, quando a Agência de Repressão às Drogas dos EUA (Drug Enforcement Agency – DEA) comunicou a apreensão de 3 toneladas de cocaína dentro de um veleiro brasileiro em alto-mar.

A embarcação, de nome Lobo IV, foi apreendida entre o arquipélago de Cabo Verde e as Ilhas Canárias pela Marinha dos Estados Unidos.

O fato desencadeou diversas investigações que culminaram com a Operação Narco Vela, em abril de 2025. Agora, a PF chegou aos envolvidos na compra do veleiro.

O que dizem as defesas de Buzeira e Morgado

As defesas do influenciador Buzeira e do empresário Rodrigo Morgado se manifestaram nas redes sociais por meio de nota.

Segundo o advogado Jonas Reis, responsável pela representação jurídica de Buzeira, a defesa ainda não teve acesso integral aos autos da Operação Narco Bet.  Além disso, disse que é prematuro qualquer julgamento ou ilação neste momento.

“Bruno é trabalhador, possui residência fixa, fonte de renda lícita e atua há anos de forma pública e transparente nas redes sociais, sendo reconhecido nacionalmente por sua atividade profissional como criador de conteúdo digital”.

Defesa de Bruno Alexssander Souza Silva, o influencer 'Buzeira'

Por fim, a defesa afirmou que confia no pleno esclarecimento dos fatos e na Justiça brasileira, e alegou que não há, até o presente momento, qualquer elemento concreto que comprove envolvimento do influenciador em atividades ilícitas.

Já os representantes de Rodrigo Morgado, disseram que o empresário "sempre atuou exclusivamente como contador, exercendo sua atividade profissional de forma técnica, ética, regular e dentro dos limites legais da profissão, prestando serviços contábeis a diversos clientes." Veja nota completa:

Nota na íntegra

"A defesa de Rodrigo Morgado vem a público declarar sua total inocência diante das acusações que lhe foram atribuídas no âmbito da Operação NarcoBet e NarcoVela, conduzidas pela Policia Federal.

Rodrigo sempre atuou exclusivamente como contador, exercendo sua atividade profissional de forma técnica, ética, regular e dentro dos limites legais da profissão, prestando serviços contábeis a diversos clientes.

Toda a documentação relativa à sua atuação empresarial está devidamente organizada e será apresentada ao Juizo no momento oportuno.

As movimentações financeiras relativas aos clientes, da mesma forma serão trazidas esclarecendo ao feito a licitude das transações.

O simples ato de converter criptomoedas em reais mediante pagamento de comissão não configura crime.

A atividade P2P, ainda que não submetida a regulação específica do Banco Central, não é ilícita, desde que comunicada à Receita Federal, o que, segundo os documentos fornecidos, foi feito regularmente pelas empresas dos seus clientes.

A defesa reitera que Rodrigo não participou de qualquer atividade ilicita e que sua conduta sempre foi pautada pelo respeito à lei.

Acreditamos firmemente que, com a apuração completa dos fatos, momento em que será garantida a mais ampla defesa pelo Juizo, sua inocência será reconhecida e a verdade prevalecerá.

A defesa seguirá lutando por sua liberdade e confia na Justiça para que essa situação seja esclarecida o mais breve possivel."


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