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quinta-feira, 17 de março de 2022

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ESTUDO CANADENSE LIGA CONTRABANDO DE ANIMAIS AO TRÁFICO DE DROGAS

 

As redes de tráfico de drogas no Brasil usam táticas de distribuição de drogas existentes para também transportar animais selvagens

Durante a Operação Aveas Corpus, a Polícia Federal brasileira trabalhou de mãos dadas com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ​​e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade para coibir o tráfico de animais silvestres, nos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro, em 9 de novembro de 2021.

Cientistas da Universidade de Waterloo, no Canadá, analisaram 150 estudos publicados desde 2000 em todo o mundo e concluíram que o tráfico de drogas é o crime mais ligado ao comércio ilegal de animais silvestres. A investigação Comércio Ilegal de Vida Selvagem e Outros Crimes Organizados: Uma Revisão do Escopo, publicada na revista da Real Academia Sueca de Ciências, em dezembro de 2021, revela que o contrabando de fauna e flora selvagens pode ser usado para encobrir o tráfico de drogas. O Brasil seria um exemplo, com centenas de grupos criminosos envolvidos no comércio ilegal de animais silvestres; Portanto, as autoridades estão travando uma dupla luta, uma vez que os criminosos também estão envolvidos em outras atividades criminosas, como o tráfico de drogas e armas.

“As redes de tráfico de drogas no Brasil usam táticas de distribuição de drogas para também transportar animais silvestres. Nossos dados sugerem que as convergências do crime organizado no Brasil podem ocorrer com maior frequência no comércio ilegal de aves e répteis. Os grupos criminosos envolvidos no tráfico de drogas no Brasil desempenham um papel de destaque no fornecimento ilegal de animais silvestres para a Europa e América do Norte”, explicou Michelle Anagnostou, principal autora do estudo, à Diálogo.

Anagnostou explica que de todos os crimes graves e organizados identificados na pesquisa, o tráfico de drogas foi a convergência mais notificada com o comércio ilegal de animais silvestres. “Drogas e vida selvagem muitas vezes podem ser contrabandeados juntos nas mesmas remessas e, em alguns casos, a vida selvagem é usada para camuflar o contrabando de drogas. Além de vários grupos criminosos, o tráfico de drogas pode coincidir com o comércio ilegal de animais silvestres de outras formas, como a troca de animais silvestres por drogas ilícitas ou a transferência de bens ilegais sem dinheiro”, disse Anagnostou.

Segundo o pesquisador, em alguns casos os traficantes de animais silvestres podem ser consumidores finais de espécies comercializadas ilegalmente, principalmente animais exóticos como os grandes felinos, para usá-los como símbolo de poder e riqueza. "Finalmente, grupos criminosos territoriais como os narcoinsurgentes podem impor um 'imposto' a outros grupos ilícitos para traficar animais selvagens através de um território ou porto sob seu controle, como forma de complementar sua renda", acrescentou Anagnostou.

A Freeland Brasil, braço sul-americano da Freeland Foundation, organização internacional que luta contra o tráfico de animais silvestres e de pessoas, indica que no Brasil há informações que citam o uso das mesmas rotas para o tráfico de drogas, a corrupção dos mesmos agentes , o uso de animais para esconder drogas ou o cheiro de entorpecentes, e que os mesmos traficantes realizam os dois tipos de tráfico.

“Há regiões onde o contrabando transfronteiriço é controlado por organizações criminosas, sem cujo conhecimento seria difícil realizar qualquer tipo de tráfico. Por fim, há casos de tráfico de drogas de um país para outro, onde os mesmos traficantes retornam ao seu país de origem com vida selvagem ilegal”, comentou Freeland Brasil em nota à Diálogo.

Segundo a organização, as espécies que são vítimas do contrabando variam de acordo com o destino e o mercado consumidor. Aqueles que são traficados mais nacionalmente diferem daqueles que são traficados transacionalmente. A nível nacional, traficam aves canoras, papagaios, répteis como jabutis, jabutis, iguanas e algumas cobras e, em menor escala, araras, pequenos primatas e felinos, entre outros. Internacionalmente, são traficados peixes ornamentais, incluindo anfíbios, répteis diversos, araras e papagaios, especialmente aqueles mais ameaçados e/ou espécies exóticas.

Anagnostou argumenta que o tráfico de vida selvagem é uma das maiores ameaças à biodiversidade em todo o mundo, potencialmente perturbando o delicado equilíbrio dos ecossistemas, já que muitas espécies estão à beira da extinção. “É uma fonte de introdução de espécies invasoras por meio de animais de estimação exóticos, que podem competir com plantas e animais nativos. As taxas atuais de extração ilegal de madeira e tráfico de vida selvagem também representam sérios danos às pessoas, incluindo ameaças ao desenvolvimento sustentável. O crime contra a vida selvagem priva as comunidades locais desses recursos naturais que fornecem benefícios culturais, espirituais e de subsistência”, explicou.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente estima que, excluindo o comércio ilegal de peixes e madeira, o tráfico de animais selvagens movimenta cerca de US$ 23 bilhões anualmente.

Michelle Anagnostou, da Universidade de Waterloo, Canadá, é autora de um estudo que liga o comércio ilegal de animais selvagens ao tráfico de drogas. (Foto: Arquivo pessoal de Michelle Anagnostou).


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