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LEGISLAÇÕES

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

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POLÍCIA FEDERAL DESMANTELA QUADRILHA DE TRÁFICO INTERNACIONAL EM DUAS OPERAÇÕES


Os agentes da Polícia Federal levaram tudo o que foi apreendido à sede do órgão, no Centro de Santos (Carlos Nogueira/AT)

Foram cumpridos mandados de busca e de prisão temporária nas operações “Alba Vírus” e “The Wall”.

Na última terça-feira (27), aproximadamente 180 policiais federais deram cumprimento a 42 mandados de busca e apreensão e 18 mandados de prisão temporária, expedidos pela 5ª Vara Federal de Santos, e decretado o sequestro de mais R$ 23 milhões em imóveis como casas, apartamentos e uma fazenda, dez carros de luxo, além de 26 caminhões de uma empresa de transporte localizada em Itajaí, 

As operações se deram em razão de representação policial nos autos do IPL 213/2019 – DPF/STS/SP. Em um imóvel os agentes apreenderam US$ 7,2 milhões e R$ 1,6 milhão em espécie.
Malas cheias de dinheiro foram encontradas durante a operação (Foto: Polícia Federal)

Os mandados foram cumpridos nos estados de São Paulo (São Paulo, Santos e Guarujá), Santa Catarina (Itajaí, Balneário Camboriú), Mato Grosso do Sul (Campo Grande) e Bahia (Salvador).
"Duas pessoas foram presas em São Paulo (SP), uma em Salvador (BA) e o restante em Itajaí (SC). Conseguimos cumprir 12 prisões, cinco pessoas continuam foragidas. Em Santos foram apreendidos apenas documentos, os imóveis estavam vazios" explicou o delegado da Polícia Federal e chefe da delegacia em Santos, Ciro Tadeu Moraes.
Segundo a Polícia Federal, o grupo seria responsável pela remessa de mais de seis toneladas de cocaína em meio a cargas de madeira, pedra, ardósia e miúdos de frango.
Operações
As operações foram denominadas “Alba Vírus”, que significa veneno branco em latim, e “The Wall”, porque a carga era camuflada em meio a tijolos que formavam uma “parede” dentro do contêiner.
Tabletes de cocaína em carga de frango no Porto de Santos, SP, em julho (Foto: Divulgação/Receita Federal)

Duas pessoas foram presas na capital paulista, uma na Bahia e o restante em Santa Catarina. Em Itajaí (SC) foi para onde a quadrilha migrou na ocasião a prisão do ex-PM em Guarujá, justamente para tentar despistar as autoridades. Entretanto, os bens que acumularam e mantinham pelas cidades chamaram a atenção da Polícia Federal.
O alvo foi um grupo criminoso que, segundo a polícia, é responsável pelo envio de drogas para o exterior por meio dos portos de Santos (SP), Paranaguá (PR), Itajaí (SC) e Navegantes (SC), para enviar entorpecentes para Europa.
Segundo o chefe da Delegacia da Polícia Federal de Itajaí, Oscar Biffi, a decisão de deflagrar as duas operações em conjunto foi porque um dos suspeitos presos atuava simultaneamente nos dois grupos criminosos. O papel dele, segundo a polícia, era negociar a droga que seria enviada ao exterior pelas quadrilhas.
Em Santa Catarina, a operação contou com o apoio dos agentes da Receita Federal e cães farejadores.
Mato Grosso do Sul
No Mato Grosso do Sul, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão. Eles foram cumpridos em uma casa na Rua Luzia de Castro Coimbra, Bairro Carandá Bosque, área nobre de Campo Grande, na Fazenda Soberana, que fica na Rodovia MS-040, na altura do quilômetro 35, na área rural de Campo Grande, comprada em dinheiro vivo por pelo menos R$ 10 milhões, e em uma terceira em uma casa na Copharádio, onde funcionaria uma empresa de fachada, a S.O. Transportes, em nome de Sandra de Oliveira. A Transportadora, segundo a PF, teria comprado em menos de um ano quatro caminhões, com valor de R$ 300 mil cada um.
Um dos locais de busca pela Polícia Federal, em Campo Grande - Valdenir Rezende / Correio do Estado

Sandra, a quem são atribuídos depósitos em dinheiro com origem duvidosa, é mãe de Karine de Oliveira Campos, apontada pela Polícia Federal como líder da quadrilha, junto com o marido, Marcelo Mendes Ferreira.
A fazenda, com aproximadamente 1,5 mil hectares, chegou a abrigar uma criação de ovinos, por volta de 2014, mas acabou sendo vendida. Tanto na fazenda como na residência do Bairro Carandá Bosque houve apreensão de dinheiro.
Santa Catarina
Nesse estado, 17 pessoas foram detidas, inclusive os donos de duas empresas de logística, em Itajaí. No local foi apreendido dois milhões de dólares, R$ 1 milhão em dinheiro, 22 veículos, duas armas de fogo, uma máquina embaladora á vácuo e uma marcadora a lazer, usada para refazer os lacres dos contêineres. Entre os veículos, alguns eram de luxo e ainda sem placas, como é o caso de um Land Rover, avaliado em mais de R$ 300 mil.
As empresas de logística estão sendo investigadas pela Polícia Federal por envolvimento no envio de drogas para a Europa, através dos portos de Itajaí e Navegantes. A Unic Logística e Transporte de Cargas é investigada na “Operação The Wall”, enquanto a empresa Translitoral Transporte Rodoviário, localizada às margens da BR 101, no Bairro São Vicente, é investigada na “Operação Alba Vírus”, de Santos.
PF realizou buscas nas empresas, às margens da BR 101 e no Salseiros (Foto: Diarinho)

As duas empresas até operavam com logística, mas o objetivo principal, segundo a investigação, era escolher as cargas de contêineres que teriam possibilidade de ter “cocaína enxertada”, sem que os donos das cargas soubessem que elas eram usadas para essa finalidade.
Na quarta-feira (28), em Itajaí, no Vale, na Rua José Rosa Baldio, no bairro Cordeiros uma pessoa, enquanto limpava um terreno baldio, encontrou dois sacos de lixo contendo R$ 75 mil em várias notas de R$ 50 em um terreno que fica na. No total, foram abandonados em dinheiro.  Ao chegar ao local, os policiais encontraram também uma pistola. Uma das residências próximas havia sido alvo da operação.
(Foto: Divulgação 1º BPM Itajaí-SC)

Investigação
A Operação Alba Vírus teve como ponto de partida a prisão do ex-PM Mario Márcio da Silva, de 44 anos e de José Carlos dos Santos Beserra, em 20 de fevereiro deste ano.
Apelidado por Azul, o policial militar reformado foi preso ao chegar a uma casa na Rua Professor Noé de Azevedo, na Enseada, dirigindo um caminhão-baú com 968,9 quilos de cocaína.
A PF encontrou mais 375 quilos de cocaína, fuzil, cinco pistolas, munições e carregadores na casa de Azul, também em Guarujá, na Rua Florença, no Jardim Virgínia. Ele foi condenado pela 5ª Vara Federal de Santos a 14 anos e sete meses de reclusão por tráfico internacional.
Mais de 1,3 tonelada de cocaína foi localizada pela PF em Guarujá, SP (Foto: G1 Santos)

Segundo a delegada da PF, Fabiana Salgado Lopes, a partir dessa prisão foram identificados diversos integrantes da organização criminosa, bem como bens móveis e imóveis adquiridos pelo grupo com dinheiro do tráfico.
Nos aparelhos celulares apreendidos, havia vídeos gravados pelos próprios criminosos que mostravam como era feito o esquema para exportação da droga, tendo como objetivo, provar para os receptores e ao restante da organização que eles estavam fazendo a operação, além de servir também para auxiliar na localização da droga para quem fosse receber esse carregamento quando chegasse ao destino.
Na residência de Azul ainda foram recolhidas duas carteiras de habilitação com nomes de mulheres (Gisele e Ticiane), adulteradas com a foto de Karine.
Remessa das drogas
Várias tentativas de remessa da cocaína para a Europa são apontadas como tendo sido realizadas pela quadrilha, além de um carregamento de 1,7 tonelada de cocaína, que foi interceptado no Porto de Antuérpia, na Bélgica, em 12 de dezembro do ano passado.
Em um celular apreendido foi localizado um vídeo na qual, Eduardo Oliveira Cardoso, apontado como um dos integrantes da quadrilha aparece conferindo a ocultação de tabletes de cocaína em uma carga de congelados. A gravação no feita no final do ano passado, em um galpão, localizado na Grande São Paulo, e o carregamento foi despachado por Paranaguá (PR).
A maneira como a cocaína foi escondida chamou a atenção da Polícia Federal para um carregamento de 1,4 tonelada de cocaína encontrada em julho deste ano, no Porto de Santos, da mesma maneira: escondida em meio à carga de frango em contêineres frigoríficos. A empresa de Eduardo também estava envolvida no despacho desta carga.
Carregamento de cocaína que saiu de Santos foi localizado na África do Sul  (Foto: G1 Santos)

Um vídeo que registrando um carregamento de amianto, produto considerado tóxico e cancerígeno, como garantia aos compradores, utilizado para esconder 706 kg de cocaína, enviado à Europa pelo Porto de Santos (SP), foi interceptada após alerta da Interpol na África do Sul.
Segundo a PF, o contêiner deveria ter seguido direto à Bélgica, na Europa, mas foi desviado por questões logísticas e faria baldeação para outro navio na África. O carregamento, embarcado no navio MSC Espanha, atracou no porto de Ngqura, no primeiro semestre.
Além disso, a PF aponta um possível esquema de falsificação de lacres utilizados nas cargas. "Clonagem de lacre é um dos métodos utilizados para o envio de remessas, sem mostrar que ele foi aberto. Como só há um caso de apreensão, ainda não é possível afirmar se houve a elaboração do lacre clonado, mas é um indício da forma como agiam", diz o delegado da Polícia Federal e chefe da delegacia em Santos, Ciro Tadeu Moraes.
Detidos
Na operação foram localizados e detidos, por ordem de mandados de prisão temporária:
  • Sandra de Oliveira: mãe da líder do esquema, Karine, e realizou depósitos milionários;
  • Damaris de Almeida dos Santos Andrade: amiga de Karine e realizou depósitos milionários;
  • Janone Prado: companheiro de Damaris e atua na logística da droga;
  • Marli Aparecida de Andrade Santana: amiga de Karine e "testa de ferro" em vários negócios;
  • André Luis Gonçalves: atua na parte logística e financeira do grupo;
  • Wanderley Almeida Conceição: atua na logística e distribuição de droga;
  • Anderson Gomes Alvarenga: possui movimentações milionárias de valores em espécie;
  • Josiele Santos Fonseca: efetuou depósitos milionários em espécie e inaugurou salão de beleza na Avenida Ana Costa, em Santos;
  • Aline Aparecida Souza dos Santos: participação não informada;
  • Carlos de Figueiredo Marinho: participação não informada;
  • Cristiano Lino Menezes: participação não informada;
  • O pai de Karine, Antônio da Costa Campos, também era alvo inicial e uma ordem de prisão também foi expedida pela justiça. Entretanto, ele morreu afogado em uma praia de Itajaí antes da deflagração da operação. Segundo a PF, ele participava dos negócios do grupo, possui diversos imóveis, mas não tem "lastro patrimonial" que os justifique.

Foragidos
Karine e Marcelo, conhecidos no meio policial como Casal Busca-pó (Foto: AT)

Por Guarujá, onde fica a Margem Esquerda do Porto de Santos, passou, e ainda pode estar escondida no Município, aquela que é considerada pela PF a primeira-dama brasileira do narcotráfico internacional: Karine de Oliveira Campos, de 40 anos, que tem extensa ficha criminal e responde em liberdade a três processos por tráfico internacional.
Ela usava documentos falsos para realizar depósitos e a lavagem de dinheiro, segundo indicam as investigações. Imóveis milionários adquiridos por ela, mediante pagamentos em espécie, foram colocados em nome dos pais, de amigos e de outros comparsas.
Sandra Oliveira, mãe de Karine, teria realizado depósitos em grandes quantias, em favor da antiga proprietária de um condomínio, onde a filha morou, bem como em favor próprio. Ela é apontada como sócia da Translitoral Transporte Rodoviário, com sede em Itajaí, tem uma frota de 15 veículos (carros, caminhões e carretas). O automóvel usado por Karine estava em nome da firma.
Marcelo Mendes Ferreira, de 37 anos, companheiro de Karine, é o responsável pela logística do esquema. Ele se identifica como CEO da Broker, fundada em 2002 e que tem sede administrativa em um edifício em área nobre em Santos (SP). Ele mora em São Paulo e os endereços dele foram alvos de mandados de busca e apreensão.  Ele também aparece em um vídeo, em um galpão frigorífico, durante a ocultação de droga em carga de fígado de frango congelado.
Karine e Marcelo moravam no Guarujá e, após as atividades da PF na cidade em fevereiro, eles se mudaram para Itajaí.
Antônio da Costa Campos, o pai de Karine, também foi identificado como integrante do esquema, só não tendo a prisão temporária decretada, porque morreu no curso das investigações.
Empresário Eduardo Oliveira Cardoso (Foto: Reprodução)
Eduardo Oliveira Cardoso, de 43 anos, também foi flagrado em outro vídeo ajudando a esconder tabletes cocaína em uma carga de congelados. Ele atua no comércio exterior desde 2002 e ostentava riqueza em redes sociais. Após a publicação da reportagem, os perfis dele foram apagados.
Os outros dois procurados são Éder Santos da Silva, de 35 anos, investigado em 2008 durante a Operação Contato da PF na Bahia, também pelo mesmo tipo de crime, e José Carlos dos Santos Beserra, de 55 anos, preso por roubos a banco nos anos 2000 e dono de uma casa em Guarujá (SP), onde havia uma sala secreta para guardar drogas.
Os 12 presos são próximos de Karine, inclusive parentes, e que eram responsáveis principalmente pela logística no transporte e ocultação da droga. Todas as prisões são temporárias (válidas por 30 dias) e a autorizadas pela 5ª Vara Federal de Santos. Para a polícia, o dinheiro apreendido na operação é decorrente da venda do entorpecente.
Aos investigados estão sendo imputados os crimes de Organização Criminosa; Tráfico Internacional de Entorpecente e Associação para o Tráfico, sem prejuízo de eventuais outras implicações penais que possam surgir com o descortinar das investigações.


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