Os agentes da Polícia Federal levaram tudo o que foi apreendido à
sede do órgão, no Centro de Santos (Carlos Nogueira/AT)
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Foram cumpridos mandados de busca e de prisão temporária nas operações “Alba Vírus” e “The Wall”.
Na
última terça-feira (27), aproximadamente 180 policiais federais deram
cumprimento a 42 mandados de busca e apreensão e 18 mandados de prisão
temporária, expedidos pela 5ª Vara Federal de Santos, e decretado o sequestro
de mais R$ 23 milhões em imóveis como casas, apartamentos e uma fazenda, dez
carros de luxo, além de 26 caminhões de uma empresa de transporte localizada em
Itajaí,
As operações se deram em razão de representação policial nos autos do IPL 213/2019 – DPF/STS/SP. Em um imóvel os agentes apreenderam US$ 7,2 milhões e R$ 1,6 milhão em espécie.
As operações se deram em razão de representação policial nos autos do IPL 213/2019 – DPF/STS/SP. Em um imóvel os agentes apreenderam US$ 7,2 milhões e R$ 1,6 milhão em espécie.
Malas cheias de dinheiro foram encontradas durante a operação (Foto:
Polícia Federal)
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Os
mandados foram cumpridos nos estados de São Paulo (São Paulo, Santos e
Guarujá), Santa Catarina (Itajaí, Balneário Camboriú), Mato Grosso do Sul (Campo
Grande) e Bahia (Salvador).
"Duas
pessoas foram presas em São Paulo (SP), uma em Salvador (BA) e o restante em
Itajaí (SC). Conseguimos cumprir 12 prisões, cinco pessoas continuam foragidas.
Em Santos foram apreendidos apenas documentos, os imóveis estavam vazios"
explicou o delegado da Polícia Federal e chefe da delegacia em Santos, Ciro
Tadeu Moraes.
Segundo
a Polícia Federal, o grupo seria responsável pela remessa de mais de seis
toneladas de cocaína em meio a cargas de madeira, pedra, ardósia e miúdos de frango.
Operações
As
operações foram denominadas “Alba Vírus”, que significa veneno branco em latim, e
“The Wall”, porque a carga era camuflada em meio a tijolos que formavam uma
“parede” dentro do contêiner.
Tabletes de cocaína em carga de frango no Porto de Santos, SP, em
julho (Foto: Divulgação/Receita Federal)
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Duas
pessoas foram presas na capital paulista, uma na Bahia e o restante em Santa
Catarina. Em Itajaí (SC) foi para onde a quadrilha migrou na ocasião a prisão
do ex-PM em Guarujá, justamente para tentar despistar as autoridades.
Entretanto, os bens que acumularam e mantinham pelas cidades chamaram a atenção
da Polícia Federal.
O
alvo foi um grupo criminoso que, segundo a polícia, é responsável pelo envio de
drogas para o exterior por meio dos portos de Santos (SP), Paranaguá (PR),
Itajaí (SC) e Navegantes (SC), para enviar entorpecentes para Europa.
Segundo
o chefe da Delegacia da Polícia Federal de Itajaí, Oscar Biffi, a decisão de
deflagrar as duas operações em conjunto foi porque um dos suspeitos presos
atuava simultaneamente nos dois grupos criminosos. O papel dele, segundo a
polícia, era negociar a droga que seria enviada ao exterior pelas quadrilhas.
Em
Santa Catarina, a operação contou com o apoio dos agentes da Receita Federal
e cães farejadores.
Mato Grosso do Sul
No
Mato Grosso do Sul, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão. Eles
foram cumpridos em uma casa na Rua Luzia de Castro Coimbra, Bairro Carandá
Bosque, área nobre de Campo Grande, na Fazenda Soberana, que fica na Rodovia
MS-040, na altura do quilômetro 35, na área rural de Campo Grande, comprada em
dinheiro vivo por pelo menos R$ 10 milhões, e em uma terceira em uma casa na
Copharádio, onde funcionaria uma empresa de fachada, a S.O. Transportes, em
nome de Sandra de Oliveira. A Transportadora, segundo a PF, teria comprado em
menos de um ano quatro caminhões, com valor de R$ 300 mil cada um.
Um dos locais de busca pela Polícia Federal, em Campo Grande -
Valdenir Rezende / Correio do Estado
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Sandra, a quem são atribuídos depósitos em dinheiro com origem duvidosa, é mãe de Karine de Oliveira Campos, apontada pela Polícia Federal como líder da quadrilha, junto com o marido, Marcelo Mendes Ferreira.
A
fazenda, com aproximadamente 1,5 mil hectares, chegou a abrigar uma criação de
ovinos, por volta de 2014, mas acabou sendo vendida. Tanto na fazenda como na
residência do Bairro Carandá Bosque houve apreensão de dinheiro.
Santa Catarina
Nesse
estado, 17 pessoas foram detidas, inclusive os donos de duas empresas de
logística, em Itajaí. No local foi apreendido dois milhões de dólares, R$ 1
milhão em dinheiro, 22 veículos, duas armas de fogo, uma máquina embaladora á
vácuo e uma marcadora a lazer, usada para refazer os lacres dos contêineres.
Entre os veículos, alguns eram de luxo e ainda sem placas, como é o caso de um
Land Rover, avaliado em mais de R$ 300 mil.
As
empresas de logística estão sendo investigadas pela Polícia Federal por envolvimento
no envio de drogas para a Europa, através dos portos de Itajaí e Navegantes. A
Unic Logística e Transporte de Cargas é investigada na “Operação The Wall”,
enquanto a empresa Translitoral Transporte Rodoviário, localizada às margens da BR 101, no Bairro São
Vicente, é investigada na “Operação Alba Vírus”, de Santos.
PF realizou buscas nas empresas, às margens da BR 101 e no Salseiros (Foto: Diarinho) |
As duas empresas até operavam com logística, mas o objetivo principal, segundo a investigação, era escolher as cargas de contêineres que teriam possibilidade de ter “cocaína enxertada”, sem que os donos das cargas soubessem que elas eram usadas para essa finalidade.
Na
quarta-feira (28), em Itajaí, no Vale, na Rua José Rosa Baldio, no bairro
Cordeiros uma pessoa, enquanto limpava um terreno baldio, encontrou dois sacos
de lixo contendo R$ 75 mil em várias notas de R$ 50 em um terreno que fica na.
No total, foram abandonados em dinheiro.
Ao chegar ao local, os policiais encontraram também uma pistola. Uma das
residências próximas havia sido alvo da operação.
(Foto: Divulgação 1º BPM Itajaí-SC)
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Investigação
A
Operação Alba Vírus teve como ponto de partida a prisão do ex-PM Mario Márcio da Silva, de 44 anos e de José Carlos dos Santos Beserra, em 20 de fevereiro
deste ano.
Apelidado
por Azul, o policial militar reformado foi preso ao chegar a uma casa na Rua
Professor Noé de Azevedo, na Enseada, dirigindo um caminhão-baú com 968,9
quilos de cocaína.
A
PF encontrou mais 375 quilos de cocaína, fuzil, cinco pistolas, munições e
carregadores na casa de Azul, também em Guarujá, na Rua Florença, no Jardim
Virgínia. Ele foi condenado pela 5ª Vara Federal de Santos a 14 anos e sete meses de reclusão por tráfico internacional.
Mais de 1,3 tonelada de cocaína foi localizada pela PF em Guarujá,
SP (Foto: G1 Santos)
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Segundo
a delegada da PF, Fabiana Salgado Lopes, a partir dessa prisão foram
identificados diversos integrantes da organização criminosa, bem como bens
móveis e imóveis adquiridos pelo grupo com dinheiro do tráfico.
Nos
aparelhos celulares apreendidos, havia vídeos gravados pelos próprios
criminosos que mostravam como era feito o esquema para exportação da droga,
tendo como objetivo, provar para os receptores e ao restante da organização que
eles estavam fazendo a operação, além de servir também para auxiliar na
localização da droga para quem fosse receber esse carregamento quando chegasse
ao destino.
Na
residência de Azul ainda foram recolhidas duas carteiras de habilitação com
nomes de mulheres (Gisele e Ticiane), adulteradas com a foto de Karine.
Remessa das drogas
Várias
tentativas de remessa da cocaína para a Europa são apontadas como tendo sido
realizadas pela quadrilha, além de um carregamento de 1,7 tonelada de cocaína,
que foi interceptado no Porto de Antuérpia, na Bélgica, em 12 de dezembro do
ano passado.
Em
um celular apreendido foi localizado um vídeo na qual, Eduardo Oliveira
Cardoso, apontado como um dos integrantes da quadrilha aparece conferindo a
ocultação de tabletes de cocaína em uma carga de congelados. A gravação no
feita no final do ano passado, em um galpão, localizado na Grande São Paulo, e
o carregamento foi despachado por Paranaguá (PR).
A
maneira como a cocaína foi escondida chamou a atenção da Polícia Federal para
um carregamento de 1,4 tonelada de cocaína encontrada em julho deste ano, no Porto de Santos, da mesma maneira: escondida em meio à carga de frango em
contêineres frigoríficos. A empresa de Eduardo também estava envolvida no
despacho desta carga.
Carregamento de cocaína que saiu de Santos foi localizado na
África do Sul (Foto: G1 Santos)
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Um vídeo que registrando um carregamento de amianto, produto considerado tóxico e cancerígeno, como garantia aos compradores, utilizado para esconder 706 kg de cocaína, enviado à Europa pelo Porto de Santos (SP), foi interceptada após alerta da Interpol na África do Sul.
Segundo
a PF, o contêiner deveria ter seguido direto à Bélgica, na Europa, mas foi
desviado por questões logísticas e faria baldeação para outro navio na África. O
carregamento, embarcado no navio MSC Espanha, atracou no porto de Ngqura, no
primeiro semestre.
Além
disso, a PF aponta um possível esquema de falsificação de lacres utilizados nas
cargas. "Clonagem de lacre é um dos métodos utilizados para o envio de
remessas, sem mostrar que ele foi aberto. Como só há um caso de apreensão,
ainda não é possível afirmar se houve a elaboração do lacre clonado, mas é um
indício da forma como agiam", diz o delegado da Polícia Federal e chefe da
delegacia em Santos, Ciro Tadeu Moraes.
Detidos
Na
operação foram localizados e detidos, por ordem de mandados de prisão temporária:
- Sandra de Oliveira: mãe da líder do esquema, Karine, e realizou depósitos milionários;
- Damaris de Almeida dos Santos Andrade: amiga de Karine e realizou depósitos milionários;
- Janone Prado: companheiro de Damaris e atua na logística da droga;
- Marli Aparecida de Andrade Santana: amiga de Karine e "testa de ferro" em vários negócios;
- André Luis Gonçalves: atua na parte logística e financeira do grupo;
- Wanderley Almeida Conceição: atua na logística e distribuição de droga;
- Anderson Gomes Alvarenga: possui movimentações milionárias de valores em espécie;
- Josiele Santos Fonseca: efetuou depósitos milionários em espécie e inaugurou salão de beleza na Avenida Ana Costa, em Santos;
- Aline Aparecida Souza dos Santos: participação não informada;
- Carlos de Figueiredo Marinho: participação não informada;
- Cristiano Lino Menezes: participação não informada;
- O pai de Karine, Antônio da Costa Campos, também era alvo inicial e uma ordem de prisão também foi expedida pela justiça. Entretanto, ele morreu afogado em uma praia de Itajaí antes da deflagração da operação. Segundo a PF, ele participava dos negócios do grupo, possui diversos imóveis, mas não tem "lastro patrimonial" que os justifique.
Foragidos
Karine e Marcelo, conhecidos no meio policial como Casal
Busca-pó (Foto: AT)
Ela
usava documentos falsos para realizar depósitos e a lavagem de dinheiro,
segundo indicam as investigações. Imóveis milionários adquiridos por ela,
mediante pagamentos em espécie, foram colocados em nome dos pais, de amigos e
de outros comparsas.
Sandra
Oliveira, mãe de Karine, teria realizado depósitos em grandes quantias, em
favor da antiga proprietária de um condomínio, onde a filha morou, bem como em
favor próprio. Ela é apontada como sócia da Translitoral Transporte Rodoviário,
com sede em Itajaí, tem uma frota de 15 veículos (carros, caminhões e
carretas). O automóvel usado por Karine estava em nome da firma.
Marcelo
Mendes Ferreira, de 37 anos, companheiro de Karine, é o responsável pela
logística do esquema. Ele se identifica como CEO da Broker, fundada em 2002 e
que tem sede administrativa em um edifício em área nobre em Santos (SP). Ele
mora em São Paulo e os endereços dele foram alvos de mandados de busca e
apreensão. Ele também aparece em um
vídeo, em um galpão frigorífico, durante a ocultação de droga em carga de
fígado de frango congelado.
Karine
e Marcelo moravam no Guarujá e, após as atividades da PF na cidade em fevereiro,
eles se mudaram para Itajaí.
Antônio
da Costa Campos, o pai de Karine, também foi identificado como integrante do
esquema, só não tendo a prisão temporária decretada, porque morreu no curso das
investigações.
Eduardo
Oliveira Cardoso, de 43 anos, também foi flagrado em outro vídeo ajudando a
esconder tabletes cocaína em uma carga de congelados. Ele atua no comércio
exterior desde 2002 e ostentava riqueza em redes sociais. Após a publicação da
reportagem, os perfis dele foram apagados.
Os
outros dois procurados são Éder Santos da Silva, de 35 anos, investigado em
2008 durante a Operação Contato da PF na Bahia, também pelo mesmo tipo de
crime, e José Carlos dos Santos Beserra, de 55 anos, preso por roubos a banco
nos anos 2000 e dono de uma casa em Guarujá (SP), onde havia uma sala secreta
para guardar drogas.
Os
12 presos são próximos de Karine, inclusive parentes, e que eram responsáveis
principalmente pela logística no transporte e ocultação da droga. Todas as
prisões são temporárias (válidas por 30 dias) e a autorizadas pela 5ª Vara
Federal de Santos. Para a polícia, o dinheiro apreendido na operação é decorrente
da venda do entorpecente.
Aos
investigados estão sendo imputados os crimes de Organização Criminosa; Tráfico
Internacional de Entorpecente e Associação para o Tráfico, sem prejuízo de
eventuais outras implicações penais que possam surgir com o descortinar das
investigações.
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