As investigações revelaram que o grupo utilizava
embarcações pesqueiras para o transporte de drogas e contava com uma rede de
colaboradores
A Polícia Federal (PF)
deflagrou, na manhã da última quarta-feira (08/10), a Operação Eclesiastes com
o objetivo de desarticular organização criminosa voltada ao tráfico
internacional de drogas e à lavagem de capitais. Relatórios do Conselho de
Controle de Atividades Financeiras (COAF) indicaram movimentações superiores a
R$ 1 bilhão em um complexo esquema de ocultação de valores.
As investigações
revelaram que o grupo utilizava embarcações pesqueiras para o transporte de
drogas e contava com uma rede de colaboradores em vários estados do país. Um
empresário paraense, já falecido, era apontado como principal responsável pela
logística e pela movimentação financeira ilícita, que era realizada por meio de
empresas de fachada e “laranjas”.
Foram cumpridos 19
mandados de prisão preventiva e 30 de busca e apreensão, além do sequestro
judicial de bens e valores que podem alcançar R$ 1,5 bilhão, conforme decisão
da 4ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Pará.
As diligências
ocorreram no bairro do Jurunas, em Belém, Ananindeua e municípios da região
metropolitana, com o apoio de expressivo efetivo policial.
Apreensões
Na operação, foram
apreendidos documentos, celulares, veículos de luxo e valores em espécie, além
do bloqueio judicial de contas bancárias e imóveis residenciais.
Prisões
Um dos 19 presos na
operação foi Marcelo Pantoja Rabelo, mais conhecido como "Marcelo da
Sucata". Ele é apontado como lidera de um grupo de extermínio no Pará, mandante
de seis homicídios em 2016. É suspeito também de ter atropelado e matado um policial
militar, em julho de 2020. Fugiu do local sem prestar socorro. Foi detido em
2019 em Fortaleza (Ceará) em posse de um apartamento de luxo, mas respondia
processo em liberdade.
Escrivã e filho
Ao ser preso, Marcelo
estava em um apartamento, no Edifício La Ville, localizado na Rua dos
Mundurucus, junto com a namorada, a escrivã da Polícia Civil Ana Suellen
Carvalho, e o filho dela, Marcello Victor Carvalho de Araújo, de 24 anos.
Em nota, a defesa de
Marcelo da Sucata disse que "a prisão ocorreu baseada em fatos apurados em
sede de inquérito policial federal, inquérito que ainda se encontra tramitando
em caráter sigiloso, mas que o acesso já foi requerido por essa defesa técnica
ao juízo competente". Ainda segundo a defesa, "já estão buscando
meios jurídicos e legais para restituir a liberdade do suspeito, que inclusive
na tarde de hoje estará participando de uma audiência de custódia".
Outro preso foi Vildemar
Rosa Fernandes, filho do ex-prefeito de São Miguel do Guamá, Nenê Lopes (MDB),
conhecido na cidade como ‘Prefeitinho’.
A Polícia Federal
revelou ainda que ‘Prefeitinho’ já havia sido preso no ano passado por
envolvimento em fraudes ambientais e garimpo ilegal na zona rural de São Miguel
do Guamá.
Investigação
De acordo com as
investigações, o grupo utilizava embarcações pesqueiras para o transporte de
drogas e contava com uma rede de colaboradores em vários estados do país.
A PF informou que um
empresário paraense, já falecido, era apontado como principal responsável pela
logística e pela movimentação financeira ilícita, que era realizada por meio de
empresas de fachada e "laranjas".
O grupo também é
investigado por financiar garimpos ilegais e pela entrada irregular de ouro no
país, demonstrando a interligação entre os crimes de tráfico de drogas, lavagem
de dinheiro e mineração ilícita.
Filho de Escrivã foi morto
Segundo a PF, durante
o cumprimento de um dos mandados, o filho da escrivã, Marcello Victor Carvalho
de Araújo, 24 anos, reagiu à abordagem policial, investiu contra um policial,
desferindo um soco em seu rosto e tentando tomar-lhe a arma e que, diante da
agressão e da iminência de novo ataque, foram efetuados disparos e, embora
tenha recebido atendimento imediato, não resistiu aos ferimentos.
A família contesta a
versão da PF. Em depoimento, a tia do jovem, Ana Carolina Carvalho, relatou que
os policiais arrombaram a porta do apartamento onde a vítima estava com a mãe e
o namorado dela.
"Os policiais entraram no apartamento bastante alterados. O primeiro tiro atingiu meu sobrinho fora do quarto. Assustado, ele correu para dentro, e eles o seguiram, disparando novamente, e ele caiu", disse.
Segundo a família,
Marcello teria sido confundido com o verdadeiro alvo da operação, Marcelo
Pantoja Rabelo, que era namorado da mãe dele e afirmam que Marcello não
ofereceu resistência.
Segundo a avó da
vítima, mãe da escrivã Ana Suellen Carvalho de Araújo, Marcelo Sucata era
apenas ficante da filha. “Ele era ficante da minha filha. A nossa família não
tinha envolvimento com ele. “A minha filha se identificou como policial civil,
mas mesmo assim eles mataram o meu neto”, disse a avó da vítima.
A informação foi
reforçada pela tia de Marcelo Carvalho. “A gente não sabe a índole dele
[Marcelo da Sucata]. Não tínhamos contato com ele. Ele não era namorado, era
apenas ficante. Mesmo que o meu sobrinho tivesse reagido, a PF não tinha o
direito de executar ele”, declarou.
Marcello morava com
a mãe, Ana Suellen Carvalho. “Eles arrombaram o apartamento para prender um
outro Marcelo. Um homônimo…Nem o Marcello nem a mãe dele estavam sobre qualquer
investigação da Polícia Federal”, assegura Mário Rivera, filho de Ana Maria e
primo da vítima.
Formado em educação
física, ele trabalhava como auxiliar administrativo na Polícia Civil. Marcello também
era sobrinho-neto da promotora do Ministério Público do Pará (MPPA), Ana Maria
Magalhães.
Polícia Federal
A PF reafirma versão
de confronto e descarta erro em operação e negou que tenha ocorrido erro de
endereço ou de pessoa.
Segundo o
diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, a morte ocorreu durante o cumprimento de
uma medida judicial, após Araújo avançar contra um dos agentes no interior da
residência.
“Durante a execução
da medida, o jovem se deparou com a equipe tática em um dos corredores do
imóvel. De forma inesperada, ele avançou contra o primeiro agente,
desferindo-lhe um golpe e tentando alcançar sua arma de fogo. Diante da ameaça
à integridade dos policiais, houve reação imediata, com uso proporcional da
força, fato que infelizmente ocasionou a morte do jovem”, informou a PF em nota
oficial.
Durante coletiva de
imprensa, o diretor-geral da PF refutou essa hipótese: “A equipe cumpriu o
mandado de busca e apreensão na residência do investigado e também o de prisão.
O investigado não foi para sua residência, mas para a de uma terceira pessoa.
Na manhã seguinte, cumprimos o mandado de prisão no local onde o real alvo
estava. Desfaço qualquer desinformação sobre equívoco de endereço ou de
pessoas”, declarou.
A corporação
ressaltou ainda que o preso é amplamente conhecido pelas forças de segurança
devido à sua extensa ficha criminal e histórico de atuação violenta, e que a
diferença física entre ele e o jovem morto é “absolutamente evidente”, o que
tornaria impossível a alegação de confusão.
A PF instaurou um
inquérito policial para apurar todas as circunstâncias da ação. Foram
realizadas perícias no local, apreensão das armas utilizadas para exames
forenses e oitivas das pessoas envolvidas, sob acompanhamento do Ministério
Público Federal e supervisão do Poder Judiciário.
“Lamentamos o
ocorrido, mas temos confiança de que o sistema de justiça criminal funcionará.
O inquérito foi instaurado, as armas apreendidas e as perícias estão em
andamento. O caso está sob controle do Ministério Público e do Judiciário”,
afirmou o diretor-geral da PF.
A corporação
informou ainda que os policiais diretamente envolvidos na ocorrência ficarão
afastados de atividades operacionais por tempo indeterminado, até a conclusão
das investigações.
Ministério Público
O Ministério Público
Federal (MPF) instaurou um Procedimento Investigatório Criminal (PIC) para
apurar as circunstâncias da morte.
O MPF informou que a
investigação foi iniciada ainda na quarta-feira e que já foram requisitadas
informações à Superintendência Regional da PF no Pará, ao Instituto de
Criminalística e ao Instituto Médico Legal (IML).
Nota - Operação Eclesiastes
A Polícia Federal
vem a público esclarecer, de forma transparente e responsável, os fatos
relacionados ao cumprimento de mandados judiciais no âmbito da Operação
Eclesiastes. A ação foi deflagrada com o objetivo de desarticular organização
criminosa voltada ao tráfico internacional de drogas e à lavagem de capitais.
Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) indicaram movimentações
superiores a R$ 1 bilhão em um complexo esquema de ocultação de valores.
Em uma das
diligências, foi dado cumprimento a um mandado de prisão em desfavor de um dos
líderes de organizações criminosas do tipo narcomilícia, atuante ainda em
grupos de extermínio, tráfico internacional de entorpecentes, contrabando e
ocultação de patrimônio oriundo de atividades ilícitas.
Desta forma, no dia
8/10, amparada por mandado de prisão, expedido pela Justiça Federal e em
estrita observância aos preceitos legais, a Polícia Federal ingressou na
residência em que se encontrava este alvo de alta periculosidade para dar cumprimento
ao mandado judicial.
Conforme fala do
Diretor-Geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues: “A equipe cumpriu o mandado
de busca e apreensão na residência desse investigado e também cumpriu mandado
de prisão. Nessa noite o investigado não foi para sua residência, foi para a
residência de uma terceira pessoa. Nossa equipe identificou e na manhã seguinte
deu cumprimento ao mandado de prisão no local onde o efetivo e real alvo da
operação estava localizado. Aqui eu desfaço qualquer desinformação em relação a
equívoco de endereço ou de pessoas.”
Durante a execução
da medida judicial, um jovem que se encontrava na residência se deparou com a
equipe tática em um dos corredores do imóvel. De forma inesperada, ele teria
avançado contra o primeiro agente, desferindo-lhe um golpe e tentando alcançar
sua arma de fogo. Diante da ameaça à integridade dos policiais, houve reação
imediata, com uso proporcional da força, fato que infelizmente ocasionou na
morte do jovem.
Ressalte-se que o
homem preso é amplamente conhecido por todas as forças de segurança pública, em
razão de sua extensa ficha criminal e de seu histórico de atuação violenta. A
diferença de idade, compleição física e traços faciais entre o investigado e o
jovem é absolutamente evidente, o que torna inverossímil a alegação de confusão.
A Polícia Federal
instaurou inquérito policial para apurar todas as circunstâncias do ocorrido.
Foram realizadas perícia no local do incidente, a apreensão das armas
utilizadas para realização de exames forenses e as oitivas das pessoas
envolvidas, sob acompanhamento do Ministério Público Federal e supervisão do
Poder Judiciário.
O Diretor-Geral
afirmou ainda que “lamentamos esse ocorrido, mas temos a confiança de que o
sistema de justiça criminal funcionará, nós já instauramos Inquérito Policial
para apurar isso, fizemos perícia de local por peritos vindos inclusive de
Brasília, preservando todo o ambiente, fizemos a apreensão das armas para fazer
perícia balística, ouvimos todas as pessoas envolvidas e vamos, sob o controle
do Ministério Público e sob o crivo do Poder Judiciário, esclarecer cabalmente
todo esse episódio.”
Importante salientar
que foram realizados exames no corpo da vítima por peritos criminais federais
no Instituto Médico Legal, com acompanhamento de servidores da Polícia
Científica do Pará.
Como medida de praxe
e com foco na preservação do efetivo, os policiais diretamente envolvidos na
ocorrência ficarão afastados de atividades operacionais por tempo
indeterminado.
A Polícia Federal
lamenta profundamente o desfecho da ocorrência, reitera sua confiança nas
instituições de controle e reafirma seu compromisso com a transparência, a
legalidade e a elucidação completa da verdade real.
Nome da operação
A Operação
Eclesiastes recebeu esse nome em referência ao versículo 12:14 do livro de
Eclesiastes, na Bíblia. Este versículo diz: "Porque Deus há de trazer a
juízo toda obra e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja
mau".
O nome foi escolhido
para simbolizar o objetivo da investigação da Polícia Federal, que era
desvendar uma complexa rede criminosa e levar a julgamento as ações que estavam
escondidas. A referência bíblica evoca a ideia de que "tudo o que está
encoberto será revelado" para que a justiça seja feita.
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