A investigação contou com ações do DEA (Drug Enforcement
Agency), Marinha dos EUA, Guarda Civil Espanhola e Marinha Francesa
A Polícia Federal
(PF) deflagrou, na manhã da terça-feira (29/4), a Operação Narco Vela para
desarticular organização criminosa (ORCRIM) voltada ao tráfico internacional de
drogas, especialmente para o continente europeu e africano, com o uso de
equipamentos satelitais e embarcações capazes de atravessar o oceano como barcos
e veleiros.
Mais de 300
policiais federais e 50 policiais militares do estado de São Paulo deram
cumprimento a 4 mandados de prisão preventiva, 31 mandados de prisão temporária
e 62 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Juízo da 5ª Vara Federal de
Santos, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão, Pará e Santa
Catarina. Três prisões preventivas também foram realizadas na Itália, Estados
Unidos e Paraguai.
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Operação ocorreu em vários endereços - Foto: Divulgação PF |
Além das prisões e
buscas, a Justiça Federal também determinou o bloqueio e apreensão de bens até
o valor de R$ 1,32 bilhões.
O tráfico era
voltado principalmente aos continentes europeu e africano, com uso de
equipamentos de rastreamento por satélite e embarcações de longo curso, como
barcos e veleiros.
Operação Narco Vela - Foto: Divulgação PF
Baixada Santista
Segundo o delegado
da PF, Osvaldo Scalezi Júnior, a ORCRIM, que tinha base na Baixada Santista era
responsável por armazenar a droga em região terrestre, no litoral, e
acondicioná-la em pequenas lanchas. Essas lanchas, veículos rápidos, faziam o
transporte da droga até o alto-mar.
Valores apreendidos na operação - Foto: Divulgação PF
Outros Núcleos
Além da Baixada Santista,
a ORCRIM contava com outros núcleos que se dividiam entre a aquisição do
entorpecente, a negociação da aquisição nos países produtores e a negociação de
remessa para a Europa.
De acordo com
Scalezi, alguns dos alvos da operação já são reincidentes no tráfico e tráfico
internacional de drogas. O motivo para fazerem o repasse dos entorpecentes em
alto-mar seria para dificultar o trabalho das autoridades.
"A PF se
concentrou nos atuantes aqui no Brasil, nos brasileiros que estão envolvidos na
organização criminosa investigada", disse Scalezi.
Confira os mandados:
São Paulo:
- Bertioga: 1 de busca e apreensão
- Guarujá: 17 de busca e apreensão e 10 de prisão temporária
- Ilhabela: 1 de busca e apreensão e 1 de prisão temporária
- Iracemápolis: 1 de busca e apreensão e 1 de prisão temporária
- Limeira: 4 de busca e apreensão
- Praia Grande: 3 de busca e apreensão e 3 de prisão temporária
- Santos: 17 de busca e apreensão e 6 de prisão temporária
- São Paulo: 1 de busca e apreensão
- São Sebastião: 1 de busca e apreensão e 1 de prisão preventiva
- Sorocaba: 1 de busca e apreensão e 1 de prisão temporária
- Taubaté: 1 de busca e apreensão e 1 de prisão temporária
Rio de Janeiro
- Mangaratiba: 1 de busca e apreensão e 1 de prisão temporária
Maranhão
- São Luís: 1 de busca e apreensão
Pará
- Ananindeua: 1 de busca e apreensão
- Belém: 1 de busca e apreensão e 1 de prisão temporária
Santa Catarina
- Balneário Camboriú: 1 de busca e apreensão e 2 de prisão temporária
- Barra Velha: 2 de busca e apreensão e 1 de prisão temporária
- Florianópolis: 2 de busca e apreensão e 1 de prisão temporária
- Itajaí: 3 de busca e apreensão e 2 de prisão temporária
- São Francisco do Sul: 2 de busca e apreensão e 2 de prisão temporária
Apreensões
Além das prisões foram realizadas diversas apreensões, como carros de luxos - um Porsche, uma BMW e uma Ferrari, embarcações e drogas.
Embarcação KM1 apreendida na operação - Foto: Divulgação PF
Também foram apreendidas joias de alto
padrão e uma arma.
Relógios apreendidos na operação - Foto: Divulgação PF
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Arma apreendida na operação em Limeira - Foto: Divulgação PF |
Prisão de empresário
Entre os presos, está o empresário Rodrigo Morgado, dono da empresa Quadri Contabilidade. Ele. O foi preso em flagrante na capital paulista por porte ilegal de uma arma encontrada dentro do carro dele. Contra ele, havia mandados de busca e apreensão em Santos, Bertioga e São Paulo.
Ele se apresenta
como “Contador e Empreendedor” em sua descrição e divulgava um curso, onde
aparece como figura principal. O curso é intitulado de “O destrave”, e aparece
para venda com valores entre R$ 299,00 até R$ 2,299.00.
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Foto: Reprodução Instagram / Divulgação PF |
Uma Ferrari modelo
296 GTB e uma Lamborghini Urus, que, segundo a PF, pertencem ao empresário, foram
apreendidas durante a operação.
Traficante ligado ao PCC montou frota de barcos
O empresário Marco
Aurélio de Souza, o “Lelinho” é apontado como um dos principais articuladores
da exportação de cocaína do Primeiro Comando da Capital (PCC) à Europa por meio
de veleiros e de pequenas lanchas.
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Marco Aurélio de Souza - "Lelinho" - Foto: Reprodução |
Segundo a PF, ele
seria o responsável pelo envio de 2 toneladas da droga à Espanha, em julho de
2022, além de uma série de outras operações. O crime foi descoberto pela Guarda
Civil Espanhola, na cidade de Aldea de San Nicolás.
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Cocaína apreendida pela Guarda Civil Espanhola - Foto: Divulgação Guardia Civil |
A partir da quebra
de sigilos telemáticos, foi possível identificar que um número usado na
contratação da embarcação seria de uma empresa, a Jacksupply Assessoria de
Bordo e Comércio Exterior, que, segundo as investigações, seria controlada por “Lelinho”
por meio de um testa de ferro e teria como base operacional a Baixada Santista.
“Indícios robustos
sugerem que o investigado, embora formalmente vinculado ao setor marítimo,
utiliza-se dessa posição empresarial como meio de viabilizar e dissimular
atividades ilícitas”, diz a Polícia Federal.
“Lelinho” teria
montado uma frota de pequenas embarcações para operacionalizar o envio dos
entorpecentes.
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Um dos barcos que teriam sido utilizados - alvo da operação - Foto: Divulgação PF |
Contato com integrante do PCC
As investigações
apontam que “Lelinho” tinha contato direto com Gabriel Gil Bernardo, conhecido
como “Jogador”, apontado como integrante do PCC. Eles teriam atuado de forma
conjunta para a compra de embarcações e para alinhar as estratégias para a
exportação das drogas.
Segundo a PF, o
vínculo de Lelinho com o PCC fica explícito em conversas interceptadas em que
ele submete o nome de terceiros, à chamada “Disciplina” da facção, para avaliar
a possibilidade de aplicar uma punição por infringir o código do crime.
Entre as pessoas que
teriam sido submetidas pelo empresário à Disciplina, está Klaus de Castro Rios
Motta e Silva, apontado como operador do esquema, também preso nesta operação.
“A submissão do nome
de Klaus à Disciplina do PCC, em razão de supostos desacordos financeiros entre
ambos, reforça a hipótese da existência de relação criminosa estável entre
Lelinho, Klaus e a própria organização criminosa”, diz a PF.
Além de Lelinho,
Klaus e Jogador, na operação foram presos Walter Pires Junior, Neuci Carmello,
Anderson Monteiro Gomes, Erick Lennon de Souza Ribeiro Verrone, Fábio Rodrigues
Ulhoa Cintra, Ivan de Freitas Santos, Júlio Cesar Fernandes, Leonardo Prado
Rocha e Sérgio Ruiz da Silva. Seis pessoas seguem foragidas.
Investigação
A investigação
iniciou-se a partir de uma comunicação do DEA - Drug Enforcement Agency, referente
a uma apreensão de 3 toneladas de cocaína em fevereiro de 2023, dentro um
veleiro brasileiro, em alto mar próximo ao continente africano, com a abordagem
feita pela Marinha Americana.
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Veleiro abordado pela pela Marinha dos EUA |
No mesmo ano, em
setembro, a Marinha francesa interceptou em águas internacionais outra
embarcação do Brasil com 2,5 toneladas da droga. Posteriormente, apurou-se que
o mesmo grupo criminoso agiu nas duas ações.
O avanço das
investigações possibilitou a descoberta de mais seis eventos do gênero,
totalizando cerca de oito toneladas de cocaína. Com base no preço do quilo da
droga comercializado na Europa, a PF estimou em R$ 1,3 bilhão o montante do
entorpecente, requerendo bloqueio e apreensão de bens dos acusados até esse
valor.
Modus Operandi
A organização criminosa
(Orcrim) recrutava pescadores para transportar drogas até o alto-mar, onde os
entorpecentes eram transferidos para outras embarcações com destino ao exterior.
De acordo com o
delegado Scalezi, a PF descobriu que diversos investigados já tinham expertise
no tráfico internacional de drogas. Eles convidavam, inclusive, pescadores para
participar do esquema de travessia. "Eram cooptados pelo tráfico com a
promessa de ganho de valores altos", explicou.
Segundo Scalezi, na base
da ORCRIM na Baixada Santista, responsável por armazenar a droga em região
terrestre, posteriormente ela era acondicionada em pequenas lanchas rápidas, que
faziam o transporte da droga até o alto-mar.
Já na região de
alto-mar, de acordo com a autoridade policial, os entorpecentes eram
transferidos dessas lanchas pequenas para barcos maiores, como pesqueiros e
veleiros que faziam as travessias transoceânicas até os países de destino da
droga.
"Chegando-se
próximo à costa africana ou da parte ali das Ilhas Canárias, elas se
encontraram com outras embarcações menores, lanchas rápidas que realizavam o
resgate dessa droga e levavam até o continente", afirmou Scalezi.
Tráfico Internacional de drogas
De acordo com
Scalezi, alguns dos alvos da operação já são reincidentes no tráfico e tráfico
internacional de drogas. O motivo para fazerem o repasse dos entorpecentes em
alto-mar seria para dificultar o trabalho das autoridades.
"A Polícia
Federal se concentrou nos atuantes aqui no Brasil, nos brasileiros que estão
envolvidos na organização criminosa investigada", disse.
Os investigados
poderão responder, conforme suas condutas, pelos crimes de tráfico
internacional de drogas, associação para o tráfico e integração de organização
criminosa.
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