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terça-feira, 7 de janeiro de 2020

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PORTOS UTILIZADOS PELO PCC TÊM RECORDE DE APREENSÕES DE COCAÍNA



Nos dois portos utilizados com mais frequência (Santos e Paranaguá), as apreensões em 2019 bateram recorde.
A rota do tráfico internacional de cocaína, dominada no Brasil pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), começa nas plantações de coca nos países andinos, continua na travessia da droga pelo país — por meios terrestres, fluviais e aéreos — e chega até grandes portos brasileiros. De lá, a cocaína é levada a outros continentes.
Garçons e prostitutas ligadas à maior facção criminosa do Brasil subornam marinheiros. São eles que levam a droga até contêineres de navios mercantis atracados nos principais portos do país, como os de Santos (SP), Paranaguá (PR), Itajaí (SC), Recife e Salvador, segundo investigações da PF (Polícia Federal).
Levantamento da PF, obtido pelo UOL em primeira mão, aponta que, entre o ano passado e este ano, dobrou o número de cocaína — o principal produto comercializado pelo PCC — apreendido nos principais portos do Brasil. Nos dois portos utilizados com mais frequência (Santos e Paranaguá), as apreensões em 2019 bateram recorde. Confira os dados abaixo:
Apreensões de cocaína em portos do Brasil (em kg)

Santos é tida pelo PCC, segundo investigações do MP (Ministério Público), como a principal cidade da facção para o andamento do tráfico internacional. É de lá que sai boa parte da cocaína que é levada do Brasil para a Europa, incluindo ao sul da Itália, onde a facção paulista mantém negócios com a principal máfia italiana, a 'Ndrangheta.
Gaetano Paci, procurador antimáfia da Calábria (província da Itália), afirmou que "há muitas evidências de uma relação entre a 'Ndrangheta e narcotraficantes sul-americanos. Muitas cargas de cocaína partem precisamente de portos brasileiros, particularmente dos portos de Recife e Santos".
"São navios que seguem rotas específicas para o transporte de contêineres. Muitos desembarcam em Gioia Tauro, um dos maiores portos do Mediterrâneo e que é controlado pela 'Ndrangheta", complementou.
Para ter cargo de liderança em Santos, inclusive, é preciso de aval da cúpula da facção — hoje detida e isolada em presídios federais. Quem comandou os negócios da facção por anos na Baixada Santista foi Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, que foi assassinado sob suspeita de ter roubado o próprio PCC e por não ter cumprido um plano de resgatar Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, principal chefe da organização.
Após a morte de Gegê do Mangue, André de Oliveira Macedo, o André do Rap, foi escalado para comandar os negócios da facção em Santos. Ele era apontado como um dos homens de confiança de Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, que é apontado como o braço direito de Marcola em liberdade e que prometeu ao líder cumprir o plano de resgatá-lo. André do Rap foi preso em setembro de 2019.
A procuradora da República Ryanna Pala Veras, responsável pela denúncia da Operação Brabo, deflagrada em 2017, e que obteve a condenação de 26 pessoas por tráfico internacional de drogas no último mês de maio, diz que "o porto de Santos constitui a principal rota de escoamento de grandes carregamentos de cocaína produzida na América do Sul".
"Foi organizada uma rede de logística entre produtores, transporte, armazenamento e embarque em navios com destino à Europa, África e Oriente Médio. Essa logística é controlada pelo PCC, que praticamente detém monopólio dessa atividade criminosa no Brasil", informou a magistrada.
Segundo a Polícia Federal, o PCC tem o interesse de fazer o mesmo em portos do sul do Brasil, por serem mais próximos do Paraguai — uma das principais rotas de entrada da cocaína adquirida pelo PCC. Entre esses portos, estão Paranaguá (PR) e Itajaí (SC).
Para o desembargador José Laurindo de Souza Netto, professor e supervisor pedagógico na Escola da Magistratura do Paraná e que tem estudos sobre as máfias italianas, o PCC "se utiliza de fato do transporte marítimo, mais especificamente dos contêineres para enviar a droga para a Itália e outros países. O envolvimento das facções em toda a logística de atuação nos portos está constatada pelas autoridades competentes".
Fonte: UOL


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