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sexta-feira, 18 de junho de 2021

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PF DESARTICULA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA LIGADA AO TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS EM SANTA CATARINA

 

A quadrilha enviava para à Europa grandes cargas de cocaína a partir de vários portos do Brasil

No dia 10 de junho, a Polícia Federal (PF), com apoio da Receita Federal do Brasil (RFB), deflagrou a operação “Shipping Box”, cujo objetivo foi desmantelar uma grande organização criminosa instalada no sul do País, voltada à prática do crime de tráfico internacional de drogas, por meio da remessa de grandes cargas de cocaína a partir de vários portos do Brasil.

Operação

Cerca de 250 policiais e 15 agentes da RFB cumpriram 34 mandados de prisão e 50 mandados de busca e apreensão, em 15 cidades nos estados de Santa Catarina (Joinville, Itapoá, Jaraguá do Sul, São Francisco do Sul, Itajaí, Navegantes, Balneário Piçarras, Barra Velha, Itapema, Canelinhas e Criciúma), Paraná (Paranaguá), Rio Grande do Sul (Rio Grande), São Paulo (Mogi Mirim) e Rio de Janeiro (Cabo Frio).

O delegado da Polícia Federal em Joinville, Vinicius Zangirolani destacou que as prisões exigiram um trabalho de inteligência intenso, pois os suspeitos se movimentam constantemente e utilizam nomes e endereços falsos. “Realizamos prisões de um criminoso em um motel e de outro escondido atrás da caixa d´água de um vizinho. Também tivemos casos de criminosos tentando se livrar de provas jogando o celular na privada”, comentou Zangirolani.

Nas Chácaras Ypê, na zona Leste de Mogi Mirim-SP, foi detido Y. S. F., de 25 anos. Ele é apontado pela PF como ponte de traficantes internacionais com sede na Bolívia e o núcleo embarcador da droga de Santa Catarina, para a exportação da droga.

Investigação

A investigação teve início após os agentes da RFB apreenderem 600.5 kg de cocaína no Porto de Itapoá, em janeiro de 2020. Após o envio das informações à PF, iniciou-se a apuração dos responsáveis pelos envios, com a descoberta de uma organização criminosa com integrantes residentes em sua maioria na região Sul.

A troca de informações entre os dois órgãos possibilitou a apreensão de seis toneladas de cocaína e a prisão em flagrante de oito pessoas durante o período de investigações.

Modus Operandi

De acordo com as investigações da PF, a organização criminosa se valia de vários expedientes para embarcar a droga, como a cooptação de funcionários dos portos para facilitar a entrada do entorpecente, a criação de compartimentos falsos em caminhões para transporte de traficantes e cargas de drogas para dentro do ambiente portuário e até a criação de empresas de logística de carregamento e transporte de contêineres para atrair a exportação de cargas lícitas que ensejassem a oportunidade de enxerto e embarque de cocaína.

Parte da droga que vinha da Bolívia era inserida em contêineres a serem embarcados em navios com destino à Europa, outra parte era pulverizada para abastecer organizações criminosas dedicadas ao tráfico para consumo interno.

Em alguns casos, a quadrilha usava o método rip-on / rip-off, quando uma carga de um exportador sem conexão com o esquema é violada e sacolas com cocaína são introduzidas no interior do container.

Em um dos alvos da operação foram encontrados lacres falsos que seriam utilizados para imitar o lacre verdadeiro com a numeração vinculada à carga original e tentar driblar a fiscalização da RFB.

“Shipping Box”

A operação recebeu o nome “Shipping Box” em alusão, em inglês, ao método de atuação da organização criminosa, que usava o sistema de despacho marítimo de drogas escondidas em contêineres.

Apreensões 

Segundo o delegado Vinicius Faria, durante as investigações foram apreendidas aproximadamente 6 toneladas de cocaína e presas oito pessoas em flagrante delito em Santa Catarina.

No sentido da desarticulação patrimonial do crime organizado, foram sequestrados 68 veículos, 23 imóveis e 2 embarcações, bem como foi realizado o bloqueio de 30 contas bancárias de vários investigados.

A PF já detectou, em meio ao tráfico, indicativos de um esquema de lavagem de dinheiro por alguns dos investigados através da constituição de empresas fictícias e aquisição de ativos como ouro e até mesmo de criptomoedas.

Ainda não se sabe se a PF conseguirá reaver os valores convertidos em ouro e criptomoedas, mas a identificação das contas dos responsáveis pode ajudar no rastreio e apreensão.

O delegado da Polícia Federal, Alessandro Vieira, mencionou a importância das apreensões e bloqueios de conta para sufocar economicamente às organizações criminosas. “Essa é uma diretriz que seguimos, na nossa missão de não apenas apreendermos a droga, mas atacarmos o núcleo financeiro destas organizações criminosas. Inclusive, verificamos que parte dos criminosos estavam usando criptomoedas para movimentar recursos, o que irá demandar um trabalho posterior nosso e da Receita Federal”, lembrou Vieira.

Crimes

Os investigados responderão pelos crimes de tráfico de drogas (art. 33 da Lei nº 11.343/06) e formação de organização criminosa (art. 2º da Lei nº 12.850/13), cujas penas máximas somadas ultrapassam 30 anos de reclusão.

Os presos foram conduzidos às sedes da PF em Joinville e Itajaí, onde foram interrogados, e posteriormente, levados ao presídio regional de Joinville, onde ficaram recolhidos à disposição da Justiça Federal.



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