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quinta-feira, 21 de novembro de 2019

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CASOS DO CAIS: O CÓDIGO 13


Para cuidar de louco, só outro louco.

Na década de 1990, os armazéns externos do Porto de Santos estavam passando por grandes transformações. Várias empreiteiras encontravam-se instaladas na área, utilizando contêineres como almoxarifados.

Naquele tempo, o porto geralmente não operava aos domingos e havia praticamente apenas a Guarda Portuária em serviço. O policiamento contava com 12 viaturas para cobrir toda a área portuária, que era dividida em quatro subsedes — três na Margem Direita e uma na Margem Esquerda do porto.

Cada subsede possuía a ronda do inspetor e a ronda auxiliar, que atuava somente na sua área de abrangência. Além disso, havia a ronda do inspetor II, responsável por toda a operação do turno, e duas rondas gerais, que circulavam livremente por toda a área portuária.

Uma dessas rondas gerais tinha como motorista o GP Luizão, guarda experiente, moreno, alto, forte, zagueiro do time da Guarda e com muita vivência da área do cais. Como reforço, estava o GP Roberto, com pouco tempo de casa e iniciando na atuação em serviço de viatura.

Numa tarde de domingo, enquanto patrulhavam a área dos armazéns externos, Luizão avistou de longe um indivíduo carregando uma sacola e comentou com o seu parceiro de viatura:

— Vamos abordar aquele elemento, está me parecendo meio suspeito.

De imediato, a viatura encostou e o suspeito foi abordado. Dentro da sacola havia várias ferramentas. Como naquela área vinham ocorrendo furtos nos almoxarifados das empreiteiras, o homem foi encaminhado à Sede da Guarda Portuária e apresentado ao inspetor II Moraes. Esse era o procedimento padrão na época, já que era necessário localizar a vítima para confirmar que o material encontrado era produto de furto.

Na Sede da Guarda, após tomar ciência dos fatos, foram contatadas as empreiteiras, e descobriu-se que uma delas havia sido furtada naquela tarde. Diante disso, Moraes determinou que Luizão e Roberto conduzissem o suspeito à delegacia para ser apresentado à autoridade competente.

Desde que chegou a sede da Guarda, o homem permanecia sentado em uma cadeira, sem pronunciar uma só palavra e sem sequer mover os olhos. Ao ser solicitado que acompanhasse os guardas até a delegacia, manteve-se imóvel. Nesse momento, alguém gritou:

— Leve ele aos costumes!

Moraes refletiu e, para evitar problemas, decidiu agir com cautela. Usando de sua experiência, disse:

— Está me parecendo um caso de Código 13. Para cuidar de louco, só outro louco. Chamem o GP Félix para comparecer aqui.

Assim que Félix chegou, Moraes explicou:

— Esse elemento não quer acompanhar os colegas até a delegacia. Em vez de usar a força, achei melhor recorrer à psicologia, e você é a pessoa mais preparada entre nós para lidar com isso.

Félix, orgulhoso da missão que lhe fora dada, posicionou-se diante do suspeito e gritou:

— Soldado, sentido!

De imediato, o homem se levantou. Félix prosseguiu:

— Soldado, marche!

O suspeito então passou a marchar atrás de Félix até a porta da viatura. Em seguida, recebeu outra ordem:

— Soldado, entre na viatura!

Ele obedeceu prontamente e entrou no veículo — um Gol branco. Enquanto Félix era cumprimentado por Moraes pela missão cumprida, o suspeito saiu rapidamente pela porta do outro lado, atravessou a avenida em direção ao heliponto e escapou, saindo por um pequeno portão existente no muro que dava acesso à Avenida Rodrigues Alves, tomando rumo ignorado para à área externa do porto.

Em seguida, Moraes determinou imediatamente que todas as viaturas realizassem diligências nas proximidades, mas o homem não foi localizado e nunca mais foi visto na área portuária. Restou a Moraes determinar que as ferramentas apreendidas fossem devolvidas ao representante da empresa vítima do furto.

Moral da História: Todo louco tem o seu dia de lucidez.

* Essa história é baseada em fatos reais. Os nomes dos envolvidos são fictícios.



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