Porto do Mucuripe — Foto: Divulgação |
A
Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã do dia 25/11, a Operação Fuzanglong no
Porto do Mucuripe, em Fortaleza, no litoral do Ceará. O objetivo foi aprofundar
a investigação que apura autoria criminosa do furto de 12 contêineres.
Participaram
da ação 60 policiais federais e 4 auditores e analistas da Receita Federal do
Brasil (RFB), em cumprimento de onze mandados de busca e apreensão, expedidos
pela 11ª Vara da Justiça Federal.
As
ordens judiciais foram cumpridas em Fortaleza, nos bairros como o Centro,
Meireles, Luciano Cavalcante, Jardim América, Serviulz, Pirambu e em Maracanaú.
A PF
identificou alguns suspeitos da participação no furto dos contêineres, com
representação e deferimento judicial das buscas nos endereços residenciais e
comerciais dos investigados, sendo 3 empresários (um homem e uma mulher
chineses e uma cearense), sócios em duas empresas de importação, e mais 4 pessoas,
sendo que pelo menos um é funcionário vinculado diretamente à Companhia Docas
do Ceará (CDC), e mais três prestadores de serviço do Porto.
Foram
apreendidos computadores, celulares, mídias e alguns documentos, entre eles,
contratos comerciais.
Os
endereços vistoriados pelos policiais federais e auditores pertencem tanto a pessoas
físicas como jurídicas. Os nomes das pessoas e das empresas não foram
divulgados. Entre elas estão as sedes administrativas das duas empresas, no
Centro da cidade, e dois depósitos de mercadorias, um no bairro Luciano
Cavalcante e outro nas proximidades da Avenida Monsenhor Tabosa, no Meireles.
Investigação
Segundo
o delegado Olavo Pimentel, da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários
(Delefaz), a investigação se iniciou em 2021, quando o Porto do Mucuripe
realizou investigação interna e descobriu que 12 contêineres com mercadorias
haviam sido desviados.
Os
contêineres, que estavam destinadas para doação quando foram furtadas,
armazenavam em seu interior mercadorias importadas irregularmente da China,
apreendidas pela Receita Federal em 2019, que foram avaliadas em R$ 11 milhões.
A PF
acredita que eles foram levados de dentro do pátio do Porto entre 2020 e 2021 e
nunca mais foram encontrados.
SAIBA MAIS: PF INVESTIGA DESAPARECIMENTO DE CONTÊINERES NO PORTO DE FORTALEZA
Furto qualificado
O
delegado Olavo Pimentel, titular da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários
(Delefaz), da Polícia Federal no Ceará, confirmou para o Diário O Povo, que o
crime investigado é o de furto qualificado. "Obviamente que um material
desses, com esse valor, não desaparece. Alguém levou. O crime a princípio
investigado é o de furto. Com a participação de pessoas que trabalham no
próprio Porto", informou. Ele admitiu que, a partir da dinâmica dos fatos
e do total de pessoas participantes, também poderá ser incluída a acusação de
associação criminosa.
Entre as
mercadorias, "basicamente de origem chinesa, havia roupas, tapetes,
brinquedos e vestuário em geral", descreveu Pimentel.
Os
contêineres modelo Dry, de 40 pés, e que vazios pesam quase duas toneladas,
teriam saído pelo portão da frente da Companhia Docas do Ceará, que administra
o porto.
O
sumiço/furto dos contêineres foi percebido no dia 22 de setembro de 2021, mas o
fato em si teria sido cometido muitos meses antes. Em outubro de 2019 e em junho
de 2021, a Companhia Docas havia sofrido dois ataques cibernéticos e a empresa,
que pertence ao governo federal, demorou a melhorar suas barreiras virtuais
para conter as invasões.
O POVO
publicou detalhes dessa investigação, que apontou que o ataque hacker foi
disparado por um grupo da Romênia chamado TNT (Tirana Hacker Team).
Segundo
o delegado Olavo Pimentel, apesar do envolvimento de um funcionário, a
Companhia Docas do Ceará não está sendo diretamente investigada. "Já
ouvimos a diretora, tomamos o depoimento dela para esclarecimentos",
confirmou. A diretora presidente da CDC, engenheira Mayhara Chaves, havia sido
intimada no início deste ano, dentro do inquérito. Servidores portuários e
terceirizados também foram chamados pela Polícia Federal para falar sobre o
furto dos contêineres.
"Esse
material apreendido vai passar por análise da perícia. Vamos analisar
principalmente o material de informática encontrado. Havia mercadorias nos
depósitos das empresas (onde foram feitas apreensões), mas vamos averiguar. Não
temos como apontar ainda se são as mesmas mercadorias”, disse Pimentel.
Os
autores do crime podem responder por furto qualificado e associação criminosa,
sem prejuízo da descoberta de outros crimes, em decorrência da análise do
material apreendido durante a operação.
Nome da operação
O nome
da operação, Fuzanglong, remete à mitologia chinesa, "dragão chinês dos
tesouros escondidos". À época que os contêineres desapareceram, o porto
estava sem o aparato completo de vigilância eletrônica de mercadorias e entrada
de pessoas.
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