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quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

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UNIÃO EUROPEIA LANÇA "ALIANÇA DE PORTOS" PARA COMBATER TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS

 

No âmbito da Aliança, os participantes trocarão informações para proteger portos, mapear rotas e desmantelar redes criminosas

A União Europeia (UE) lançou na última quarta-feira (24) em Antuérpia, na Bélgica, a principal porta de entrada de cocaína no continente, uma "Aliança de Portos".

O lançamento da plataforma, em cooperação com a presidência belga do Conselho da União Europeia (UE), tem como propósito melhorar a coordenação de informação entre os 27 portos da UE para combater o tráfico de droga e o crime organizado, que costumam utilizar os portos dos países europeus como plataformas para continuar a atividade criminosa, aproveitando lacunas e um sistema altamente complexo.

“Baseada no entendimento das debilidades existentes, a Aliança Europeia de Portos procura mobilizar a comunidade aduaneira para melhorar a antevisão de riscos e controle de alvos. Secundariamente, a aliança quer reforçar a coordenação das investigações das autoridades policiais a grupos organizados por detrás do tráfico de estupefacientes em larga escala”, dá conta uma nota divulgada a antever o lançamento desta aliança. Esta parceria já é aplicada nos portos de Antuérpia, Roterdan, nos Países Baixos, e Hamburgo, na Alemanha.

"Para combater uma rede, precisamos formar outra rede. Medidas contra criminosos tomadas em um único porto apenas deslocarão o tráfico para outros portos", afirmou a Comissária Europeia para os Assuntos Internos, Ylva Johansson.

A cocaína procedente da América Latina inunda o mercado europeu. As apreensões disparam, mas "os preços [de venda] nas ruas caem, o que demonstra que esta droga está muito presente", disse a comissária sueca.

A Aliança Europeia de Portos pretende criar uma parceria entre autoridades portuárias, alfândegas, polícia e empresas de transporte marítimo. No lançamento, estiveram representados 16 dos principais portos de contêineres europeus, incluindo os de Roterdã (Países Baixos-Holanda), Hamburgo (Alemanha), Algeciras (Espanha), Marselha (França) e Antuérpia (Bélgica).

"A complexidade do panorama criminoso tem aumentado. É óbvio que não seremos capazes de ter sucesso se nos concentrarmos apenas no âmbito nacional", sublinhou a ministra do Interior belga, Annelies Verlinden, cujo país detém a presidência do Conselho da UE, durante o evento que contou com a presença de ministros europeus.

Os grandes portos são alvo de máfias locais, que não hesitam em subornar estivadores, agentes portuários ou caminhoneiros, funcionários da alfândega e às vezes policiais, para facilitar a recuperação de drogas nos contêineres.

Recorde de apreensões no Porto de Antuérpia

No Porto de Antuérpia as apreensões bateram um novo recorde, com 116 toneladas interceptadas em 2023. A cidade é regularmente abalada pela violência ligada a quadrilhas que lutam pelo controle do tráfico e sua grande movimentação financeira.

"Agora que a Antuérpia está intensificando a luta contra as drogas, parece que o tráfico também se dirige para portos menores. Por exemplo, há indícios de que mais carregamentos estão chegando a Helsingborg, na Suécia", disse Verlinden à AFP.

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O mesmo fenômeno é observado na saída das drogas da América Latina, segundo ela: depois que medidas foram tomadas nos portos colombianos, o de Guayaquil, no Equador, tornou-se o principal ponto de exportação para a Europa da cocaína produzida na Colômbia e no Peru.

Na UE, quase 70% das apreensões de drogas efetuadas pelas alfândegas ocorrem nos portos.

"Precisamos de mais cooperação, não só com a polícia e as alfândegas, mas também com os empresários nos portos", sublinha Ylva Johansson. O fenômeno da corrupção nos portos ligado ao tráfico de drogas "também é um risco para o comércio legal, por isso ninguém quer isso", insiste.

Para o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, é crucial ter o mesmo nível de segurança em todos os portos da UE, a fim de respeitar a "concorrência leal", uma vez estes controles levam tempo e podem atrasar a atividade comercial e enfraquecer a atratividade econômica de um porto.

No âmbito da Aliança, os participantes trocarão informações e melhores práticas para proteger portos, mapear rotas usadas pelos traficantes e desmantelar redes criminosas.

"Precisamos de mais cooperação, não apenas com a polícia e com as alfândegas, mas também com os atores privados nos portos", defendeu Johansson.

O fenômeno da corrupção ligada ao narcotráfico nessas infraestruturas "também é um risco para o comércio legal" e "ninguém quer isso", acrescentou.

Dentro desta aliança, os participantes vão trocar informações e boas práticas para aumentar a segurança nos portos, mapear fluxos e desmantelar redes criminosas.

A UE vai aportar 200 milhões de euros (cerca de 1 bilhão de reais) para que os serviços de alfândega adquiram equipamento moderno para escanear contêineres.

Além da chegada de contêineres aos grandes portos do norte da Europa, outra modalidade operacional consiste no envio das drogas para o norte ou oeste da África, onde são colocadas em embarcações menores que costumam levar essa carga para a costa de Espanha, explicou a comissária europeia.

Junto com a cocaína, as autoridades públicas se preocupam com o aumento do tráfico de drogas sintéticas.

O ministro do Interior da França, Gérald Darmanin, destacou que entorpecentes como as anfetaminas ou o ecstasy "estão fazendo nascer uma nova rede criminosa europeia". Nesse sentido, fez um apelo por uma estratégia comum "especialmente para evitar que o fentanil chegue à Europa".

Este potente opioide sintético, fabricado com componentes muitas vezes importados da China, causa dezenas de milhares de overdoses todos os anos nos Estados Unidos, onde foi introduzido por cartéis mexicanos.

Embora a presença do fentanil na Europa seja "muito fraca" por enquanto, Johansson destacou que muitas outras drogas sintéticas são fabricadas na UE, que é um "exportador líquido para o resto do mundo".

"Desmantelamos 400 laboratórios todos os anos, é algo que realmente me preocupa", declarou a comissária, alertando que os traficantes europeus adquiriram dos cartéis mexicanos o conhecimento necessário para produzir fentanil”, disse Gérald Darmanin.

* (Com informações da AFP)


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