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quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

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APONTADO COMO UM DOS MAIORES TRAFICANTES DO BRASIL FOI PRESO NO PARAGUAI

 


Emídio Morinigo Ximenes é apontado como líder de organização criminosa e um dos maiores traficantes do Brasil. Grande parte da cocaína enviada para o exterior era comercializada por ele.

No início de setembro (11/09) a Polícia Federal (PF) em conjunto com a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), do Paraguai, deflagrou a Operação Status com o objetivo de desarticular uma organização criminosa suspeita de praticar crimes de tráfico internacional de entorpecentes no Estado do Mato Grosso do Sul, região de fronteira entre o Brasil e o Paraguai, e a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas.

A 5ª Vara Federal de Campo Grande/MS decretou a prisão preventiva de 8 investigados e a busca e apreensão de bens e direitos em 48 endereços, cujos mandados foram cumpridos nos municípios de Campo Grande/MS, Ponta Porã/MS, Cuiabá/MT, Barra do Garças/MT, Primavera do Leste/MT, Chapada dos Guimarães/MT, Santana de Parnaíba/SP, São Paulo/SP, Curitiba/PR, Londrina/PR e Rio de Janeiro/RJ.

Investigações

As investigações tiveram início em 2014, quando a PF confiscou os primeiros carregamentos de cocaína do grupo criminoso e capturou alguns dos traficantes envolvidos com o clã. O trabalho de inteligência das autoridades brasileiras permitiu que fosse feita a conexão com o Paraguai, ao descobrir que os prisioneiros recebiam na prisão um auxílio financeiro procedente de uma casa de câmbio em Pedro Juan Caballero.

A Receita Federal do Brasil (RFB), por meio de sua unidade de inteligência fiscal, produziu relatórios apontando inconsistências fiscais dos investigados, bem como, a propriedade de bens móveis e imóveis registrados em nome dos investigados e de interpostas pessoas, “laranjas” ou “testas de ferro”.

De acordo com a PF, a Organização Criminosa (Orrim), efetuava a lavagem do dinheiro através de doleiros e operadores, que passavam por casas de câmbio em Curitiba e São Paulo. Depois o dinheiro era encaminhado para essas empresas fantasmas e contas de laranja que sustentavam o alto padrão dos envolvidos.

Quadrilha

A quadrilha tinha núcleo de comando com funções bem definidas, como ocorre em organizações criminosas. O grupo criminoso simulava uma estrutura de empresa legal, com "departamentos", para gerenciar negócios fora da lei em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.

Foto: Divulgação PF

A PF identificou 12 pessoas integrantes da quadrilha, cujo líder era Emídio Morinigo Ximenes, tendo o apoio dos filhos Jefferson Garcia Morinigo e Kleber Garcia Morinigo, que moraram em Campo Grande e haviam se mudado para o Paraguai.

Outras 8 pessoas atuavam em departamentos específicos dando suporte à quadrilha, principalmente na ocultação de bens e lavagem de dinheiro.

Foto: Divulgação PF

Um desses departamentos era o de lojas de automóveis de luxo. Era duas, uma JV Motors, na Rua Brilhante, em Campo Grande, cujo proprietário, Slane Chagas, foi preso. Ele também foi diretor da loja Classe A Motors, que já teve unidade em Campo Grande e agora funcionava em Cuiabá.

Na capital do Mato Grosso, o proprietário da empresa, Tairone Conde Costa, também foi preso. Ele aparece como proprietário da Pousada Paraíso, no Lago do Manso, que segundo a Polícia Federal, era usada como “fachada” para a lavagem de dinheiro e lazer dos líderes do grupo. A PF também deteve a esposa de Tairone.

Na Pousada os agentes apreenderam lanchas, motos aquáticas e quadricíclos. Também foram alvos de buscas e apreensão a residência dele na Capital e a loja de veículos de luxo “Classe A Motors”, instalada na Avenida Fernando Correa da Costa.

As apurações policiais indicam que a Classe A que existiu em Campo Grande teve a razão social alterada e passou, legalmente, a ser uma construtora, também de fachada. No esquema retratado, aparece outra pessoa ligada à empresa, ainda não identificada.

De acordo com o delegado da PF, Lucas Vilela, a pousada nunca serviu como hotelaria e hospedagem para turistas. Seu uso era exclusivamente para o lazer dos alvos da operação.

Pousada Paraíso no Lago do Manso (Foto: Divulgação Receita Federal)

“Era onde eles costumavam passar férias e ter momentos de lazer. Era uma casa de campo. Em 2017 inclusive, foi realizada uma festa de aniversário do líder da organização, que contou com a contratação de uma dupla sertaneja famosa”, explicou o delegado.

Quanto à loja “Classe A Motors”, Vilela explicou que realmente funcionava como uma loja de venda de veículos, mas que durante as investigações concluíram que parte do capital da empresa era ilícita.

“Os líderes não se aproximaram do dinheiro, tudo era feito pelos doleiros. Abriram empresas de fachadas, abertas contas que eram movimentadas pelos doleiros. A rotina consistia nos laranjas passarem o dia fazendo depósito para eles [doleiros] e posteriormente para a conta dos líderes”, disse.

Elson Marques dos Santos, 52 anos, que se apresentou como dono de uma tabacaria, foi detido na sua casa no Bairro Nova. Na residência foi localizado 129 kg de maconha. Preso em flagrante por tráfico, ele disse que havia recebido R$ 2 mil para guardar o entorpecente.

São relacionados ainda, uma arquiteta, que daria notas frias ao grupo, e um homem apontado como responsável por construções de imóveis de alto valor, entre eles mansões em Campo Grande. Entre os bens, é citada uma casa avaliada em R$ 1,2 milhão no Bairro Carandá Bosque.

Bens e Valores apreendidos

Dinheiro apreendido durante a operação (Foto: Divulgação PF)

Foram sequestrados mais de R$ 230 milhões em patrimônio do tráfico de drogas no Brasil e no Paraguai. No Brasil foram apreendidos 42 imóveis, duas fazendas, 75 veículos, embarcações e aeronaves, cujos valores somados atingem R$ 80 milhões em patrimônio adquirido pelos líderes.

Esquema Criminoso

O esquema criminoso investigado tinha como ponto principal a lavagem de dinheiro do tráfico de cocaína, por meio de empresas de “laranjas” e empresas de fachada, dentre as quais havia construtoras, administradoras de imóveis, lojas de veículos de luxo, dentre outras. A estrutura, especializada na lavagem de grandes volumes de valores ilícitos, também contava com uma rede de doleiros sediados no Paraguai, com operadores em cidades brasileiras como Curitiba, Londrina, São Paulo e Rio de Janeiro.

Dupla Sertaneja

Vídeo da apresentação da dupla sertaneja “Bruno e Marrone”, na Pousada Paraíso do Manso, que aconteceu em 2017 para a comemoração do aniversário de um dos integrantes da família, foi anexado ao inquérito como uma das provas da ostentação da família Morinigo, mantida com os milhões do tráfico de cocaína. A dupla sertaneja costuma cobrar um cachê de pelo menos R$ 200 mil, conforme divulgam sites especializados.

A família Morinígo no palco com Bruno e Marrone (Foto: Reprodução Youtube)

No vídeo, a família toda aparece no palco com os artistas. Jefferson Garcia Morinigo - que é filho de Emídio Morinigo Ximénes, apontado como o líder da organização, segura um bolo e agradece a presença dos convidados: “Minha família, meus amigos e meus funcionários”.

Paraguai

No Paraguai houve o cumprimento de quatro mandados de prisão preventiva e busca e apreensão em coordenação com a Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (SENAD), em doze locais nas cidades de Assunção e Pedro Juan Caballero. Em solo paraguaio foram sequestrados dez imóveis, no valor aproximado de R$ 150 milhões.

 Emídio Ximenes Morinígo no momento da prisão (Foto: divulgação Senad)

Cinco foram presos no Paraguai, entre eles o líder da organização criminosa, Emídio Morinígo Ximenes, seus filhos Jeferson Garcia Morinígo e Kleber Garcia Morinigo, Júlio Cesar Duarte Servian, dono das casas de câmbio Uniexpress e Zafra; além de Robson Louribal Ajala que seria o contador da organização.

Casa de Câmbio alvo da operação (Foto: Divulgação Senad)

Família Morinígo

Emídio Morinígo Ximenes, é apontado como líder dessa organização criminosa e um dos maiores traficantes do Brasil. Grande parte da cocaína enviada para o exterior era comercializada por ele.

Foto: Divulgação Senad

O clã da Família Morinígo é originário da cidade de Ponta Porã, cidade-gêmea de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, na região conhecida pela guerra sanguinária entre grupos do tráfico e do contrabando.

A primeira prisão de Emídio foi em 1993, no interior de São Paulo, com a apreensão de 100 k de cocaína escondidos no fundo falso de picape Saveiro vermelha. Junto dele, estava o irmão Elio Gimenez Morinigo, então identificado como agropecuarista na cidade sul-mato-grossense.

Onze anos depois, em outubro de 2003, o mesmo Elio, após ser preso com outra carga de cocaína, foi resgatado por quatro homens armados de dentro do presídio estadual de Ponta Porã. O filho, Jean Paul Correa Morinigo, também foi tirado da penitenciária nessa ação.

Elio Morinigo desapareceu. Em 2015, advogados que haviam sido contratados por ele em 1995 comunicaram à Justiça Estadual desconhecer o paradeiro do réu, em processo por cobrança de dívida de um banco. A ação ainda corre.

Jean Paul foi preso em 2014, em Montevidéu, no Uruguai, por falsificação de documentos. Dias depois, na mesma cidade, 267 kg de cocaína foram apreendidos e a responsabilidade atribuída a quadrilha sob comando dele. O destino era o mercado consumidor da Europa. Na casa onde morava, foram encontrados dinheiro e celulares.

Elio e Jean Paul Morinigo tem mandados de prisão em aberto no Brasil.  Nas apurações da Operação Status pelo menos de forma oficial o nome desses dois Morinigos sumidos não é citado.

Emídio, já foi preso em 2005 com uma quantidade pequena de cocaína, no interior de São Paulo, pela qual cumpriu pena, e outra em 2009, junto com os dois filhos, durante a “Operação Riqueza”, desenvolvida pela PF paulista.

Em 2017, os irmãos foram presos com uma carga de haxixe, o que levou a família a se mudar para Pedro Juan Caballero.

Nos últimos dois anos, foram mais de 3 toneladas da droga apreendidos com gente ligada ao bando. Em janeiro de 2019, a apreensão 950 kg de cocaína, em Três Lagoas-MS, foi relacionada a essa organização.

Os integrantes do clã que estão atrás das grades foram capturados no Paraguai, expulsos e entregues à Polícia Federal no Brasil. Considerados perigosos, foram transferidos para o presídio federal de segurança máxima de Campo Grande.

Descapitalização

O delegado da PF, Elvis Secco, coordenador geral de repressão a drogas e facções criminosas da Polícia Federal, disse que a chave do combate de drogas no Brasil é a descapitalização patrimonial, prisão de lideranças e cooperação internacional.

"Se um carregamento de droga for apreendido, outros cem irão passar. Não é com apreensão que se combate o tráfico de drogas", afirmou Elvis Secco

Nome da Operação

A operação foi batizada de “Status” em alusão à ostentação de alto padrão de vida mantida pelos líderes da organização criminosa, com participações em eventos de arrancadas com veículos esportivos de alto valor, contratação de artistas famosos para eventos pessoais e residências de luxo.


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