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segunda-feira, 16 de março de 2015

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NEM OS POMBOS APARECERAM NO CAIS


Mais de 35 mil trabalhadores de 24 categorias de braços cruzados, no final de março de 1980

Com este título, livro reconta história do Porto de Santos abordando luta trabalhista e a maior greve registrada em março de 1980.
Ferrovias suspendem carregamentos, caminhões causam super congestionamento, operações de mais de 40 navios são interrompidas, mais de 35 mil trabalhadores de 24 categorias de braços cruzados, piquetes sem ação, interventores preocupados com desordens e ameaça eminente de tropas militares para estabelecer a ordem e retomar as atividades.
Esse era o Porto de Santos, no final de março de 1980. Tão inoperante, que nem os pombos apareceram no cais para poder comer os grãos deixados nos trilhos durante a passagem de uma composição de trens.
Não por acaso, esse é o título do livro que reconta historicamente a luta trabalhista da maior greve do cais santista de todos os tempos.
A obra, que será lançada na terça-feira, ficou a cargo da historiadora Adriana Gomes Santos e do pesquisador Antônio Fernandes Neto. Eles recuperaram, por meio de documentos, depoimentos e reportagens da época - entre elas do Jornal A Tribuna - todo o contexto político e social, a partir de 1964, quando houve o Golpe de Estado, até duas décadas depois.
Importância

Os bastidores das fracassadas negociações entre os trabalhadores portuários e a então Companhia Docas de Santos (CDS), que mais tarde mudaria de nome ao abrir o capital para também pertencer à União, e a interferência do regime militar no cais santista são os principais fatos escolhidos e pesquisados para recontar um pedaço da história na região.
“A greve de 1980 é mais importante para o Brasil do para o próprio Porto de Santos”, afirma Neto, um dos escritores do livro, publicado pela editora Veneta. De acordo com ele, o desequilíbrio do cenário político fez com que, a exemplo do que ocorreu aqui, outros lugares, posteriormente, registrassem movimentos semelhantes.
O pesquisador lembra que a insatisfação era geral, não só entre aqueles que atuavam no cais santista. “Os debaixo não aceitavam mais serem governados como antes e os de cima não tinham mais força para governar”, afirma.
Prova disso foi a assembleia realizada para organizar uma possível paralisação, em março daquele ano.
Surpresa
Navio Raul Soares

Os 800 previstos se transformaram rapidamente em 4 mil no auditório do Sindicato dos Trabalhadores Administrativos do Porto de Santos (Sindaport), localizado na Rua Júlio Conceição. O encontro reuniu também outras categorias que atuavam no cais para negociar e tentar reverter o quadro trabalhista. Para Neto, os desdobramentos surpreenderam.
O livro revela que a Companhia Docas de Santos, então propriedade privada, foi a principal delatora das ações orquestrada pelos trabalhadores. “O Governo sabia, por meio da Guarda Portuária, os envolvidos e quem estava ligado ao que. Por isso, a Docas está entre as empresas mais repressoras da época”, afirma o pesquisador.
Não por acaso, o ex-presidente do Sindaport, Waldemar Neves Guerra, foi detido e levado para o navio-prisão Raúl Soares. “A embarcação foi utilizada para humilhar e não punir”, conclui o autor, que contou com o apoio do sindicato para realizar os trabalhos de pesquisa nos último anos e que surpreendeu até mesmo os atuais diretores.
Resgate
Cirino, Neto e Nobel relembram a paralisação histórica dos trabalhadores

O aval para a obra foi dado pelo atual presidente, Everandy Cirino dos Santos, que na época da greve, trabalhava como Guarda Portuário. “Ele nos surpreendeu ao saber de fatos que até acreditávamos que nós sabíamos, pois estávamos do outro lado”, afirma, ao ressaltar que a obra é um resgate histórico dos acontecimentos na região.
Para Cirino, o livro servirá para esclarecer lacunas na história e para evidenciar a participação de órgãos utilizados pelo governo, como a própria Docas, para monitorar os trabalhadores e as lutas sindicais.
“Os autores assimilaram a luta trabalhista com o próprio desenvolvimento da Baixada Santista. Servirá para fazer justiça”.
Protagonista de greve lembra bastidores
O protagonista da greve do Porto de Santos em 1980, o advogado Nobel Soares de Oliveira, está no livro que será lançado na terça-feira. Ele é quem aparece em destaque na capa de A Tribuna de 17 de março erguendo o braço e convocando os trabalhadores para a paralisação, que durou exatos cinco dias e motivou a luta pelo país.
“Eu fui a oposição do sindicato. Depois que o regime militar já havia tirado os antigos líderes do poder, tivemos que fazer um momento paralelo para fazer valer”, conta, ao lembrar da assembleia que culminou na paralisação.
Apesar da pressão contrária, ele fez a pergunta crucial e o cais santista parou a partir dali.
Ao final de uma semana, entretanto, o governo já havia cedido e entregue e aceitado às reivindicações dos trabalhadores portuários.
Foi quando, dias depois, Oliveira, um então fiel ajudante de armazém, foi dispensado do serviço pela Companhia Docas de Santos. “Foi um choque, uma vez que eles não poderiam fazer isso”.
Faltando dois anos para o curso de direito, para enfim se tornar advogado, ele relutou e tentou reaver o trabalho no Porto. Não conseguiu, pois foi delatado e punido pelo regime. A história é narrada no livro.
“Hoje espero justiça, apenas. Torço para que o Sindaport consiga me reenquadrar ao cargo e consertar o passado”.
Serviço: O lançamento ocorre na próxima terça-feira no campus Dom Idílio José Soares da universidade Católica de Santos (UNISANTOS), localizado na avenida Conselheiro Nébias, 500. Os autores encontrarão o público em dois horários: Pela manhã, às 8 hs, e à noite, a partir das 19hs.

Autor: José Claudio Rangel
Fonte: Jornal A Tribuna
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