Receita Federal reteve 5,1 toneladas do pó no local;
especialista diz que desvio de rotas mudou a configuração do tráfico
O Porto de Santos
concentra 37% de toda a cocaína confiscada pela Receita Federal do Brasil (RFB)
em 2024. Das 13,9 toneladas apreendidas no país, 5,1 toneladas foram nos
terminais da cidade paulista. O Poder360
obteve os dados depois de fazer um pedido via Lei de Acesso à Informação.
Embora concentre
grande parte das apreensões, o volume registrado no porto é inferior ao de anos
anteriores. O pico da série foi em 2019, com 27,1 toneladas. Veja no
infográfico:
Funcionários da RFB
têm a hipótese de que os traficantes usam rotas menos óbvias para deslocar a
cocaína. A análise é do presidente do Sindifisco (Sindicato Nacional dos
Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil) Nacional, Dão Real.
“Traficantes passam
a operar por outras rotas, inclusive podendo escolher até fora do país […] Por
exemplo, os portos de Montevideu, em Buenos Aires e de outros da América
Latina. Ou mesmo outros portos do Brasil”, declarou o especialista ao Poder360.
Para o futuro, a
greve dos servidores da Receita Federal pode impactar os resultados das
apreensões nos próximos meses. O movimento começou em novembro de 2024 e traz
prejuízos, dentre outras áreas, para as fiscalizações de aduanas e para as
atividades de arrecadação.
“Pode, sim, ter
havido um refluxo nas apreensões de drogas. Não por ter reduzido a atividade de
fiscalização, mas por ter sido deslocada para realizar as operações padrão”,
disse.
A operação padrão é
um protesto em que servidores seguem todas as regras com rigor, tornando o
serviço mais lento sem parar totalmente as atividades. Costuma ser realizada ao
mesmo tempo em que as greves em outros órgãos públicos.
A Receita Federal
está no movimento desde novembro de 2024 para obter melhores condições
salariais. Eles Defendem haver descumprimento de acordo firmado com o governo,
violação de decretos e tentativa de transformar o bônus de produtividade em
instrumento punitivo.
O Poder360 pediu
comentários sobre os dados obtidos via Lei de Acesso para a assessoria de imprensa
da Receita Federal em 23 de abril. A mensagem foi enviada via e-mail, sem
resposta até a publicação deste texto.
O espaço segue
aberto. Uma solicitação foi enviada pela 3ª vez em 9 de maio, quando o time de
atendimento aos jornalistas respondeu que “a demanda encontra-se com a área
técnica”.
Autor/Fonte: Gabriel Benevides – Poder 360
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