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terça-feira, 13 de setembro de 2022

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PRESO UM DOS TRAFICANTES MAIS PROCURADOS DO BRASIL

 

Anderson Lacerda Pereira, conhecido como Gordão, era procurado desde 2017 e tinha o nome na lista da Difusão Vermelha da Interpol

Um dos três traficantes mais procurados do Brasil, segundo a Polícia Civil do Estado de São Paulo e apontado como colaborador da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) foi preso.

Anderson Lacerda Pereira, conhecido como Gordão, era procurado desde 2017 e tinha o nome na lista da Difusão Vermelha da Interpol, a Polícia Internacional, desde 2020. Ele é acusado de enviar cocaína para países da Europa e de fraudar compras públicas na área da saúde na Grande São Paulo.

Ele ficou conhecido no mundo do crime em 2014, quando intermediou a venda de cocaína entre Marcola, chefe do PCC, facção que atua de dentro e fora dos presídios no país, e uma temida máfia italiana.

Segundo a polícia, Gordão ficou milionário e se inspirava em traficantes internacionais, como o mexicano Amado Carrilo Fuentes e o narcotraficante colombiano Pablo Escobar, seu maior ídolo.

O braço direito de Anderson, identificado como Jânio Nascimento Barroso, 41 anos, também foi preso.

Notoriedade

Anderson Gordão ganhou notoriedade no mundo do crime em 2014, ao intermediar a venda de cocaína da família de Marcola para a máfia italiana. Em 2017, ele foi condenado por tráfico internacional de drogas.

Dois anos depois, ele entrou para a lista dos criminosos mais procurados do mundo pela Interpol. Em junho de 2020, Gordão deixou as pressas um de seus apartamentos antes da chegada dos policiais da operação Soldi Sporchi (dinheiro sujo), mas o criminoso conseguiu fugir para a Bolívia, em Santa Cruz de La Sierra, onde teria vivido por dois anos com outras lideranças do cartel. A polícia também encontrou pistas de uma passagem dele pela cidade do Recife.

Depois, voltou ao Brasil e permaneceu em Santos, no litoral de São Paulo.

Investigação

Anderson Gordão foi investigado em 2014 na Operação Oversea, deflagrada pela PF para combater as remessas de toneladas de cocaína para a Europa, via Porto de Santos, e acabou condenado a sete anos de prisão por tráfico internacional de drogas, mas ficou preso por sete meses.

Ele foi detido em 2010, na Operação Alquimia, da polícia Federal, mas acabou solto antes de ser condenado por narcotráfico. O mandado de prisão contra ele continua em aberto na Justiça Federal de Santos.

Segundo o delegado Paulo Eduardo Rabello, as investigações que possibilitaram a prisão tiveram início em novembro de 2021. O primeiro indício foi uma apreensão de pequenas quantidades de drogas, cadernos dos traficantes e armas. Em julho a Polícia confirmou que as anotações continham o nome de Jânio, que passou a ser monitorado.

Anderson, no entanto, era cuidadoso. Os dois dificilmente eram vistos em público. Ele tomava algumas precauções até para encontrar a mulher.

Para chegar a ele a polícia monitorou o dia a dia de Jânio Nascimento Barroso que, segundo a investigação, seria o braço direito do suspeito.

"Temos fotos, filmagens, inclusive vasculhamos o lixo do Jânio, que continha embalagens com restos de cocaína", disse o delegado.

Nos últimos meses, além de Jânio, a esposa dele também começou a ser monitorada. Ela andava sempre com o mesmo carro importado, e um funcionário.

Para não chamar a atenção dos investigadores, ele e a esposa se hospedavam em motéis, onde muitas operações eram realizadas. Imagem de monitoramento do último dia 15 de agosto, de um desses estabelecimentos, os mostra entrando no local em um carro de luxo.

Em algumas ocasiões, os dois trocavam de esconderijo. Mesmo assim, ele circulava em muitos municípios da região. "Ele ficava muito em Poá, Itaquaquecetuba e Ferraz de Vasconcelos. Nesse local, ele usou casas de amigos e parentes", disse um investigador da Polícia Civil.

De acordo com os investigadores, “Gordão” vivia em uma casa de alto padrão num condomínio de Arujá, possui carros importados e morava muito bem até o momento em que soube que estava sendo procurado.

A polícia encontrou a primeira pista de que o chefe do tráfico estava na casa por meio de um papel com trecho de sua canção favorita localizada no lixo.

"Ele gosta muito daqueles corridos, que são aquelas músicas que os cancioneiros populares no México fazem para os traficantes poderosos que dominam a região. A gente encontrou no lixo um dos versos dessas canções", disse o delegado.

Os investigadores também notaram hábitos incomuns no local, especialmente a movimentação de pessoas e veículos. "Eles também tinham uma estranha troca de carros que acontecia dentro de imóveis".

Prisão

Na segunda-feira (5), a perseguição de cinco anos finalmente chegou ao fim. A polícia conseguiu identificar Jânio como o homem que colocava um saco de lixo cheio de pistas em frente da casa onde Anderson vivia.

"Com provas reunidas e intensa vigilância, foi possível localizar os dois suspeitos almoçando em um restaurante popular na Avenida Antônio Massa, no bairro Vila Real, no centro de Poá. Eles foram presos e conduzidos ao 103º DP, onde foi cumprido mandado de prisão contra o procurado e ambos foram interrogados", diz o comunicado da pasta da Segurança.

"Ele estava acabando de pagar. Ele estava pegando a refeição que levaria para casa. Quando foi apreendido, ele estava usando máscara e confessou: 'Tudo bem, doutor. Eu sou o Anderson mesmo'".

Anderson Gordão responde a processo em Arujá pelos crimes de lavagem de dinheiro, associação à organização criminosa e tráfico de drogas.

Ao ser preso, a polícia confiscou seu celular e encontrou mensagens de áudio que, de acordo com a corporação, revelam o modo cruel como ele agia.

"Já pega ele e já sequestra, mano. Pega lá, o carro bomba, atropela", disse Anderson em um plano para se livrar de um inimigo. "Ele gravava tudo, fotografava tudo e guardava tudo isso em seus dispositivos de mídia", afirmou Fernando Santiago, delegado da Polícia Civil.

Propriedades

Investigações da polícia apontam que Anderson ficou milionário com a vida ligada ao crime, e acumulou diversas propriedades, criando um império de 86 imóveis por todo o país, avaliadas em mais de R$ 130 milhões no mercado. A maioria está em nome de sua mãe, Arlete, que só no estado de São Paulo já figurou como proprietária de 20 propriedades. Ele também já teve 10 imóveis registrados em seu nome nos últimos anos. Foram identificados ainda bens em nome de laranjas.

Ele teria comprado mais de 15 casas de alto padrão em Arujá, também na região metropolitana de São Paulo, em nome de outras pessoas. Em algumas dessas propriedades, havia bunker e túnel de fuga, além de criação de animais como macacos, araras e jacarés.

Segundo a polícia, o sítio Guamuchilito, na cidade de Santa Isabel, pertence ao traficante. O nome da propriedade é o mesmo da cidade mexicana onde nasceu o traficante mexicano Amado Carrilo Fuentes, que morreu em 1997, aos 41 anos, conhecido como senhor dos céus por ter uma frota de aviões para transportar droga.

Neste sítio “Gordão” criava animais como macacos, araras e jacarés. O sítio lembra a fazenda que Pablo Escobar, um dos narcotraficantes mais conhecidos do mundo, tinha na Colômbia. Escobar morreu em 1993, aos 44 anos. No local, ele tinha hipopótamos, camelos e até elefante.

Pelo menos duas casas, apontadas como de propriedade do traficante tinham bunkers, salas onde ele e os comparsas podiam se esconder. Em um imóvel que estava em construção, a polícia encontrou não só um bunker, mas um túnel no subsolo. Com 50 metros de comprimento, o túnel serviria como rota de fuga e terminava do lado de fora do condomínio, em uma área de mata.

Clínicas

De acordo com a polícia, “Gordão” é acusado de ter montado mais de 30 clínicas médicas e odontológicas na Grande São Paulo, a maioria em nome de laranjas. As investigações apontaram que elas eram usadas para lavar dinheiro do crime, conseguir medicamento seguindo a lei, mas para usar na produção de cocaína e socorrer criminosos feridos sem obrigação de avisar a polícia.

Hospital para integrantes do PCC

Segundo Josmar Josimo, em sua coluna no UOL, os investigadores descobriram também que um dos hospitais montado por Anderson Gordão tinha como objetivo atender integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) baleados em confrontos policiais.

Um dos baleados socorridos foi Giovanni Barbosa da Silva, 29, o Koringa, preso em 9 de janeiro de 2021 em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, na fronteira com Ponta Porã, município localizado em Mato Grosso do Sul.

O criminoso tinha sido baleado na perna no dia 30 de novembro de 2017, após trocar tiros com policiais militares na Freguesia do Ó, zona norte da capital. Ele foi levado por comparsas para o Hospital Vida Mais Vida, em Arujá, a 47 km do local do confronto.

O hospital estava em nome de Gabriel Donadon Loureiro Pereira, 27, filho de Anderson Gordão, procurado pela Justiça. O rapaz responde ao mesmo processo que o pai, por lavagem de dinheiro, e também teve o nome incluído na difusão vermelha da Interpol.

Infiltração na Política

Segundo a polícia, mesmo enquanto estava foragido, Anderson Gordão praticamente mandava na cidade de Arujá, na Grande São Paulo

No município, organizações sociais controladas pelo traficante assinaram contratos de coleta de lixo e na área da saúde. Isso deu a ele o controle do único hospital público da cidade, com R$ 77 milhões em verba da prefeitura e esquema para uso de remédio em droga.

De acordo com investigação da polícia, a influência mais direta de Anderson no poder público se estabeleceu após ele financiar a campanha de 2016 do então candidato a vice-prefeito do município, Márcio José de Oliveira (PRB). O financiamento teria sido feito após acordo entre os dois.

Contratos fraudulentos

Testemunha que depôs à polícia afirmou que, em 2017, o traficante, que já era foragido da Justiça, exigiu os contratos da saúde e da coleta de lixo após o resultado das eleições. Tratava-se de um contrato sem licitação com organização social controlada por Gordão. Logo começou a haver falta de medicamentos, insumos e alimentação para funcionários do hospital da cidade.

Segundo a reportagem do Fantástico, a quadrilha de Anderson responsável pela administração do hospital economizava nos custos e distribuía o valor entre os criminosos. A economia resultava, inclusive, da comida destinada aos funcionários.

As marmitas eram feitas de forma precária nos fundos de uma casa do traficante. No local, a polícia encontrou baratas e alimentos sem condições de armazenamento.

Remédio com cocaína e R$ 77 milhões

Investigações da polícia também apontaram como medicamentos eram desviados. O transporte era feito em caminhões de lixo, que levavam os itens para uma mansão do traficante para depois serem misturados à cocaína que ele vendia.

De janeiro de 2018 a janeiro de 2020, Anderson Gordão recebeu R$ 77 milhões da Prefeitura de Arujá. Os contratos da área do lixo e da saúde já não ficaram em vigor em 2020.

Ao menos 20 pessoas foram presas após as investigações, incluindo um policial civil. Outros quatro policiais eram investigados pela Corregedoria do órgão por suspeita de extorquir integrantes da quadrilha.

O então vice-prefeito de Arujá chegou a ficar preso por 13 dias. Depois, Márcio José Oliveira respondia em liberdade por lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa. A defesa dele não quis comentar à época.

Já o então prefeito, José Luiz Monteiro (MDB), não foi investigado naquela época e não quis gravar entrevista. O advogado dele disse que faria esclarecimentos nos autos.

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